Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Sábado - 29 de Setembro de 2007 às 05:17

    Imprimir


Londres, 29 set (EFE).- Uma incógnita paira há semanas sobre a política britânica e ameaça tomar conta de todos os debates até que o primeiro-ministro, Gordon Brown, decida vai ou não convocar eleições antecipadas para os próximos meses.

Os boatos sobre uma antecipação das eleições estarão presentes, sem dúvida, no congresso anual do Partido Conservador. O encontro começa neste domingo, em Blackpool, no noroeste da Inglaterra.

O chefe de Governo, segundo o jornal "The Guardian", decide neste fim de semana com seus aliados mais próximos se convoca ou não as eleições para outubro ou novembro.

A "febre eleitoral" tem sido alimentada pela ambigüidade do líder trabalhista. Apesar das insistências dos jornalistas, ele não confirma nem desmente a possibilidade.

A substituição de um primeiro-ministro do Reino Unido pelo novo líder de seu partido não exige a convocação de eleições. Brown tem até 2010 para referendar nas urnas o seu mandato. Mas os observadores acham que ele pode querer capitalizar a vantagem que apresenta nas enquetes.

Os trabalhistas, que estavam nove pontos abaixo dos conservadores nas pesquisas de intenções de voto em abril de 2007, agora desfrutam de uma vantagem de até 11 pontos. O salto coincidiu com a saída de um desgastado Tony Blair e a chegada de Brown a Downing Street, 10.

Além da vantagem nas enquetes, outra razão a favor da convocação é, segundo o professor de Ciências Políticas Patrick Dunleavy, o desejo de impedir o desgaste natural do partido do Governo.

Ele observou ainda que, após todos os boatos, não convocar eleições "poderia ser interpretado como uma fraqueza" de Brown. Neste momento, o exemplo do ex-primeiro-ministro trabalhista James Callaghan certamente será levado em conta.

Callaghan chegou ao poder em 1976, substituindo Harold Wilson, que havia renunciado. Mas não quis ir às urnas no fim de 1978 e acabou enfrentando uma de greves, que pesou na sua derrota, em 1979, para Margaret Thatcher.

Mas também há razões contra a antecipação das eleições. A primeira é uma tradição. Desde 1974, todas as eleições gerais britânicas acontecem no primeiro semestre, durante a primavera. Outro fator é o peso político da permanência das tropas britânicas no Iraque e Afeganistão, com baixas constantes.

Além disso, lembrou Dunleavy, Gordon Brown não é exatamente um político que tenha se destacado pela sua ousadia.

Se o primeiro-ministro decidir afinal ir às urnas, surge uma segunda incógnita: qual é a data ideal? A legislação britânica impõe um prazo de 17 dias úteis entre o anúncio de convocação de eleições e a data da votação.

Optando pelo 25 de outubro, Brown teria a seu favor a desarticulação do Partido Conservador. Mas a convocação daria ao líder conservador, David Cameron, a chance de pronunciar seu discurso em Blackpool já como candidato.

Outra opção é 1 de novembro. Brown poderia anunciar no Parlamento a entrega do controle da província de Basra aos iraquianos. Mas a data já entra no horário de inverno, quando os dias são mais curtos e os eleitores podem não se animar a comparecer às urnas.

Qualquer data posterior daria mais tempo para organizar as eleições. Mas o clima se transforma em fator determinante.

Com tantos fatores a levar em conta, Brown enfrenta um dilema. Ele pode, na melhor das hipóteses, ampliar a maioria trabalhista no Parlamento. Mas, depois de 10 anos à sombra de Blair, ele se arrisca a perder e entrar para a história como um dos primeiros-ministros com um mandato mais curto no Reino Unido.





Fonte: EFE

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/205181/visualizar/