Dólar fecha mês no menor valor em sete anos

A entrada de capitais no país com a diminuição da turbulência no exterior permitiu que o dólar revertesse a alta do mês passado e terminasse setembro no menor patamar em sete anos. A moeda encerrou o dia a R$ 1,835, com baixa de 0,49%. Foi o sexto dia consecutivo de queda.

Em setembro, a moeda acumulou desvalorização de 6,52%. Foi a maior queda mensal desde junho de 2006.

"O mercado está com dólar na mão e deve ter entrado mais um pouco hoje de investimento para bolsa e do próprio fluxo comercial. E ninguém quer ficar com dólar", disse Renato Schoemberger, operador da Alpes Corretora.

Na avaliação da NGO Corretora de Câmbio, a moeda americana mantém consistente tendência de depreciação, resultado dos saldos positivos da balança comercial, do fluxo de investidores estrangeiros e das perspectivas favoráveis que se restabelecem para a obtenção de linhas de financiamentos e colocação de papéis brasileiros no exterior.

Setembro

O mercado começou o mês atormentado pela turbulência no exterior. Com a crise nas hipotecas de alto risco dos Estados Unidos, muitos investidores precisaram tirar dinheiro do Brasil, o que pressionou a cotação do dólar.

Com o temor de que os problemas atingissem a economia dos Estados Unidos, o Federal Reserve cortou o juro norte-americano em 0,5 ponto percentual na semana passada. A decisão acalmou o mercado e restaurou o ingresso de divisas no mercado brasileiro, segundo operadores.

A moeda norte-americana não cedeu somente por conta da entrada física de dólares, mas também pela própria expectativa de ingressos futuros. Como a aposta majoritária é pela valorização do real, muitos investidores vendem dólares no mercado futuro. Essa movimentação na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) interfere no preço do dólar à vista.

Nesta sexta-feira, os chamados "vendidos em dólar" pressionaram a moeda para baixo a fim de garantir uma taxa mais favorável para os contratos outubro, que venceram agora.

Banco Central

A tendência de queda do dólar deixa o mercado atento à postura da autoridade monetária. O BC, que já conseguiu rolar todo um lote de contratos de swap cambial reverso (compra de dólares no mercado futuro) nesta semana, pode encerrar a espera dos agentes e voltar aos leilões de compra após mais de um mês.

Para Schoemberger, se o dólar vier para baixo muito rápido, o BC tende a atuar. "Se for mais suave, mais cadenciado, ele aguarda ate R$ 1,80 para ter uma intervenção".

As compras, porém, não devem ter força para elevar a cotação do dólar, disse o operador. "Para ele é interessante o dólar embaixo por conta da inflação", comentou.