Pão francês deve puxar alta da inflação em outubro, diz FGV
O pão francês deve ser o principal produto com repasse de preço ao consumidor em outubro, segundo projeções da FGV (Fundação Getúlio Vargas), que divulgou inflação de 1,29% para o IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) de setembro, ante variação de 0,98% em agosto.
A desaceleração dos preços dos alimentos de 0,11% neste mês frente taxa de 1,24% em agosto, no varejo, é um indicador de que não há descontrole da inflação, segundo Salomão Quadros, coordenador de análise econômica da fundação.
Segundo ele, porém, a pressão do preço do pão francês deve reverter parcialmente a desaceleração em alimentos, mas sem grandes sustos. Para outubro, Quadros prevê inflação para o IGP-M inferior aos 1,29% deste mês. "Se vai ficar abaixo de 0,98% de agosto, não se sabe, mas é possível", avaliou Quadros.
No varejo, em setembro, o pão francês caiu 0,29% em relação a agosto. Em 12 meses, a alta foi de 4,28% --ante aumento do preço da farinha de 27,25% no atacado e de 53,59% do trigo no mesmo período.
Em setembro, a farinha teve alta de 5,02% e o trigo, de 14,33%. "A farinha de trigo subiu a metade em relação ao trigo, e o pão menos que isso. Há muita margem de repasse para o varejo", disse Salomão.
Os grãos foram o principal vilão da inflação no IGP-M neste mês, puxando o IPA (Índice de Preços por Atacado) e mais especificamente as matérias-primas brutas.
"Toda pressão está nas matérias brutas, com o repasse de preço dos produtos no mercado internacional. A variação cambial foi de 10% no período, e a alta dos preços foi um repasse direto do valor dos preços lá fora. Tem a ver com demanda e capacidade de atendê-la", explica Salomão.
A soja, por exemplo, teve expansão de preço no atacado nacional de 11,89% em setembro (em agosto foi de 3,5%). Em um ano, acumula alta de 40,16%. O milho subiu 17,17% em setembro (49,71% em 12 meses), e o arroz, 8,75% (10,99% em 12 meses).
"O arroz já tem repassado o preço do atacado ao varejo e deve continua no próximo mês", diz o economista.
Segundo ele, porém, a pressão maior dos produtos agrícolas já passou, principalmente com o equilíbrio da cadeia do leite e da carne, que puxaram a alta de preços nos últimos meses. No atacado, a carne bovina caiu de 6,26% positivo em agosto para 0,13% negativo em setembro e o leite in natura, desacelerou de 10,62% para 6,63%.
Para o IGP-M no ano, a FGV elevou a previsão em 1 ponto percentual. A entidade estima que o índice vá fechar o ano em 5%, "ou um pouco abaixo disso".
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