Economia mundial pode desaquecer se persistirem efeitos de turbulência externa, diz BC
A perspectiva consta do Relatório de Inflação do Terceiro Trimestre de 2007, divulgado hoje (27). O documento também mostra que o risco de desaquecimento econômico aumentou principalmente por causa do enfraquecimento dos mercados financeiros.
Um dos motivos é o efeito colateral que o setor imobiliário norte-americano tende a gerar no crédito e na riqueza das famílias dos Estados Unidos. O relatório do BC destaca, porém, o papel importante que as economias da Ásia e da Europa podem desempenhar para minimizar os efeitos de uma crise.
Conforme o documento, os países emergentes também têm orçamentos fiscais equilibrados, inflação relativamente contida e reservas internacionais confortáveis, atuando como amortecedores ante uma possível desaceleração maior nos Estados Unidos.
No Brasil, o problema pode se refletir em saldos comerciais menos expressivos, conforme o BC. Mas, por enquanto, os investimentos estrangeiros diretos devem continuar de forma "robusta", como registrado em agosto: US$ 35,1 bilhões em 12 meses - considerados recordes.
No entender do diretor de Política Econômica do BC, Mário Mesquita , isso mostra que as incertezas no mercado financeiro internacional ainda não afetarão o Brasil de forma significativa, embora exista a necessidade de o governo agir com cautela, pois a instabilidade pode se refletir no mercado interno.
"A incerteza faz ter mais cautela em relação ao futuro, mas não se refletiu nos números. O impacto é limitado, quer nos preços, quer na atividade econômica".
Um dos motivos do otimismo do diretor, segundo ele mesmo afirmou, tem apoio no consumo interno, que deve assegurar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas produzidas no país).
Tanto que o Banco Central manteve a projeção de crescimento da economia em 4,7% este ano, embora analistas de mercado e de setores da economia tenham feito projeções maiores.
Quantos aos investimentos (formação bruta de capital), as estimativas foram elevadas no relatório de 8,5% para 9,6%. Por outro lado, o setor externo deve ter um crescimento nas exportações de 5,3% e bem maior nas importações, de 18,4%. A indústria teria um crescimento de 4,6% contra 4,4% da estima anterior e o setor agrícola cairia para 4,5% contra os 7% das últimas projeções.
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