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Repórter News - reporternews.com.br
Nacional
Quinta - 27 de Setembro de 2007 às 05:00

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Uma escola particular de João Pessoa, na Paraíba, instalou detectores de metais depois de receber uma ameaça virtual. Em uma página no site de relacionamentos Orkut, um jovem, vestido com o uniforme da instituição e segurando duas armas, afirmava ser vítima de bullying (intimidação na escola) e, de forma velada, dizia que seria violento para resolver o problema, inclusive usando armas de calibre pesado. A ameaça tinha até data para acontecer: terça-feira (25).

O caso foi parar na polícia e nesta quarta-feira (26) um aluno confessou à direção pedagógica da escola ser o autor das ameaças.

De acordo com o diretor da escola, Karamuh Martins, o aluno avisou por e-mail que estava arrependido do ato. "Ele se identificou, avisou que tinha jogado as armas e o capuz no Rio Jaguaribe e contou que as armas eram de brinquedo", afirmou. "O aluno agora vai se afastar da escola e o caso está nas mãos da Justiça."

No episódio, a escola teve a segurança reforçada, detectores de metais foram instalados nas portas e policiais à paisana foram infiltrados no colégio para observar o comportamento dos alunos. Segundo Sônia Maria Figueiredo dos Santos Lima, vice-diretora e coordenadora pedagógica do colégio, 20% dos estudantes faltaram às aulas nessa terça, sendo que o índice de faltosos não costuma ultrapassar 3%. A ameaça não se concetrizou.

"As faltas são normais porque a preocupação dos pais existe, eles têm todo o direito e precisam se assegurar", disse Sônia, em entrevista ao G1 por telefone.

Almir Serrano, 49, pai de um aluno do colégio, disse que seu filho chegou em casa e comentou as ameaças do Orkut. "A preocupação foi imediata, principalmente por causa da violência que vemos diariamente na televisão. Procurei a escola e quis saber quais providências seriam tomadas", disse.

O pai concordou com a atitude do colégio em passar o caso para a polícia e colocar detectores de metal na porta. "Não vejo constrangimento nenhum. Qualquer medida que seja tomada para garantir a integridade física de alunos e funcionários será muito bem-vinda", disse ele, que paga cerca de R$ 500 de mensalidade.

Bullying escolar

De acordo com Sônia, as ameaças do jovem começaram com cartas anônimas, que pediam que a escola fizesse um trabalho sobre bullying com os estudantes. "Não é nosso costume atender a pedidos de cartas anônimas, mas, como traria benefícios para os nossos alunos, resolvemos prestar esclarecimentos sobre o assunto", disse Sônia.

Em um dos relatos em uma página do Orkut, que foi retirada do ar, o jovem diz que o bullying toma conta da instituição e que é "insuportável a falta de respeito entre colegas que se dizem amigos". Em outro caso, numa comunidade, o jovem afirma que fez uma proposta à escola, mas que ela não foi colocada em prática. "Se o colégio não cumprir o que informei, irei recorrer a [sic] violência sob qualquer circunstância (...). Possuímos armas automáticas e semi-automáticas e pistolas .45 que estaremos prontos para usar caso o projeto não for [sic] colocado em prática urgente".

Os profissionais da escola passaram de sala em sala explicando o conceito de bullying e fizeram apelos para que a pessoa que se sentisse constrangida procurasse a direção. A diretoria tomaria as providências necessárias.

"Tudo foi feito de forma pedagógica e educativa, porque esclarecer essa questão era um benefício. Mas a pessoa começou a fazer ameaças por e-mail. Eu queria que ele indicasse nomes, procurasse um psicólogo, fizesse um tratamento, mas não tive êxito. A partir daí, pedimos ajuda à polícia", contou.

Não há mais risco

Segundo Airton Ferraz, secretário adjunto da Secretaria da Segurança Pública do Estado da Paraíba, esta é a primeira vez que um caso desse tipo chega à polícia.

"O jovem que fez as ameaças disse que teve essa reação porque estava sendo vítima de bullying pelos colegas da escola", disse Ferraz. De acordo com o secretário, o inquérito deverá ser concluído em dez dias e será encaminhado para o Ministério Público Estadual, que avaliará o que deve ser feito.




Fonte: G1

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