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Nacional
Quarta - 26 de Setembro de 2007 às 01:44

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A pobreza no Brasil é pior entre os mais jovens na comparação com os mais idosos, que recebem benefícios da previdência vinculados ao salário mínimo. Tratar melhor idosos do que crianças traz graves problemas para o futuro, advertem especialistas ouvidos pela reportagem do Jornal da Globo.

Madalena Xavier da Silva e o marido são exemplos de como a renda dos mais velhos melhorou. Os dois são aposentados. Cada um recebe um salário mínimo. Economizando um pouco, o casal conseguiu começar um antigo projeto. “Às vezes sobra uns 50 reais; vou, boto na caderneta. Deu até pra realizar o sonho da minha vida que é fazer a casa que eu quero fazer”, afirmou.

Os idosos que comprovam a pouca renda têm direito a receber do Tesouro Nacional um salário mínimo, mesmo que não tenham contribuído para a Previdência. O piso tem aumentado além da inflação.

Mas o economista da Fundação Getúlio Vargas, no Rio, Marcelo Neri, que analisou os dados da última pesquisa nacional por amostra de domicílios, vê um problema: o Brasil não está sendo tão generoso com as crianças.

Em 1992, quase metade das crianças brasileiras vivia na miséria: em 2006, o percentual caiu para 33,88%. Mas o número de idosos na miséria caiu muito mais proporcionalmente: de 17,02% para 5,02%.

“A chance de uma criança ser pobre é sete vezes maior do que um idoso. No período de 15 anos, o estado transferiu pra cada criança, a título de programas sociais, R$ 17 a mais do que ele transferia. Houve um crescimento dos idosos, R$ 172, ou seja , dez vezes mais”, explicou Neri.

As diferenças entre idosos e crianças podem ser vistas numa mesma família. Dois dos netos da dona Madalena moram na mesma rua que ela, numa casa que fica nos fundos de um terreno, mas a vida deles está bem mais difícil que a da avó.

O pai deles está desempregado há três meses - o bolsa-família, de R$ 94, passou a ser a única fonte regular de renda da casa. “Ele já botou um monte de currículo, mas tá dificil”, explicou a estudante Paulexsandra Xavier.

Para o economista, investir mais nas crianças é a melhor maneira de garantir os idosos do futuro. “Você tá criando uma situação aonde as pessoas, ao longo do tempo, vivem vidas miseráveis e, ao final do ciclo de vida, o Estado tenta compensar pelo que não fez e eu acho que isso é um modelo míope, de quem tá olhando pra trás. Eu acho que o brasil tem que olhar pra frente”, afirmou o economista.





Fonte: G1

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