Brasileiro come muito e mal, afirma estudo
A média dos brasileiros com mais de 40 anos está acima do peso, come demais -- exagerando principalmente na proteína, nos carboidratos e na gordura -- e, de quebra, come mal, com menos minerais e vitaminas do que o necessário na dieta. Essas são as principais conclusões de um estudo coordenado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pela USP, que ouviu quase 2.500 pessoas em 150 cidades de todas as regiões do país.
Os dados (obtidos para uma pesquisa cujo objetivo principal era verificar o consumo de nutrientes ligados à saúde óssea) mostram que a obesidade pode estar se tornando um problema de saúde maior que a desnutrição no país. "O Brasil se mostrou tristemente democrático com relação às deficiências de vitaminas, que são semelhantes em todas as regiões e estados", avalia o médico Luis Fernando Correia, apresentador do programa "Saúde em Foco", da rádio CBN.
De fato, embora haja mais obesos entre as classes A e B (60% dos entrevistados), a diferença é pequena em relação às classes C, D e E (as quais têm 52% de obesos). E apenas 3% das pessoas ouvidas apresentou baixo peso.
O cálculo do consumo de nutrientes foi feito por meio de entrevistas em residências escolhidas por sorteio -- os pesquisadores visitavam as casas dos entrevistados e verificavam o que cada pessoa tinha ingerido nas últimas 24 horas. Para estimar a incidência de obesidade, o critério usado foi o do chamado índice de massa corporal (IMC). O cálculo é feito dividindo o peso da pessoa (em quilos) por sua altura (em metros) elevada ao quadrado. Considera-se que IMCs entre 18,5 e 25 correspondam ao peso ideal da pessoa. Acima e abaixo desses números, existiria falta ou excesso de peso. A média nacional foi de sobrepeso -- IMC de 26,4.
Leite neles
Além do nível excessivo de proteínas, carboidratos e gorduras, o dado mais preocupantes é a falta de cálcio na dieta brasileira. Nada menos que 90% da população ingere o elemento em níveis abaixo do recomendado (1.000 mg por dia, segundo recomendações internacionais). A média brasileira de ingestão de cálcio é de só 400 mg, contra 800 mg na Europa e nos EUA. Uma das principais fontes de cálcio para a dieta humana é o consumo de leite e derivados.
Outros nutrientes importantes em falta são a vitamina C (88% das pessoas não ingere o valor recomendado), o magnésio (80% não consomem o valor desejável) e vitamina A (50% dos consumidores ficam abaixo do valor recomendado). Em praticamente todos os casos, uma simples dieta balanceada, com consumo regular e em quantidades adequadas de frutas, verduras e legumes, seria suficiente para sanar todos esses problemas.
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