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Internacional
Domingo - 23 de Setembro de 2007 às 18:28

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Lima, 23 set (EFE).- O ex-presidente Alberto Fujimori passou hoje seu primeiro dia de prisão no Peru protegido por 240 policiais e sob supervisão médica, por estar com hipertensão e resfriado, após ter sido extraditado no sábado do Chile.

No começo da manhã, uma ambulância chegou ao Estabelecimento Penitenciário Transitório Barbadillo, na sede da Direção de Operações Especiais da Polícia Nacional (Diroes), onde Fujimori está detido.

Ao meio-dia, o Ministério da Justiça revelou que o extraditado está sendo atendido por médicos permanentemente depois de ter mostrado "sinais de hipertensão considerados moderados".

O porta-voz de Fujimori no Peru, Carlos Raffo, disse à agência Efe que o ex-presidente se sentiu mal durante as nove horas de viagem, quando o avião que o trazia do Chile precisou fazer duas escalas.

Na escala da cidade de Tacna (Peru), na fronteira com o Chile, o ex-governante teve que utilizar um balão de oxigênio, pois, aparentemente, apresentou problemas de pressão.

Raffo se queixou das sete horas nas quais Fujimori foi submetido ao cumprimento dos trâmites de rigor após sua chegada ao centro temporário de reclusão.

Mas o chefe do Instituto Médico Legal (IML) local, Luis Bromley, que visitou o extraditado na chegada a Lima, assegurou que ele está em ótimas condições físicas e mentais.

Ele ressaltou que se Fujimori apresentar algum transtorno serão tomadas todas as medidas, incluindo sua transferência a um hospital, segundo o site do jornal "El Comercio".

Bromley afirmou que Fujimori "está bem de saúde para os seus 69 anos. Ele se mostrou tranqüilo, não parece angustiado ou preocupado, e sim cansado, o que é normal. Estava totalmente lúcido".

As versões sobre a hipotética fragilidade da saúde do ex-presidente "geram certas suspeitas", disse o diretor da Associação pró-Direitos Humanos, Francisco Soberón.

Em entrevista à Efe, Soberón ressaltou que Fujimori, durante "toda a permanência no Chile e no Japão, não deu sinais de alteração significativa do estado de saúde", e exigiu "uma avaliação independente e autônoma".

Como antecedentes a serem levados em conta, Soberón alertou que o ex-ditador boliviano Luis García Meza, que cumpre pena após ter sido repatriado do Brasil em 1995, "recebeu permissões para supostos exames médicos fora da prisão de Chinchacoro e houve denúncias de que ele teria sido visto jantando em restaurantes de luxo em La Paz".

Fujimori, que passou a primeira noite em um quarto blindado de 15 metros quadrados, recebeu hoje as visitas do advogado César Nakasaki e da filha Keiko Sofía.

Sua primogênita se mostrou preocupada "com a velocidade com que estão tratando as coisas", ao deixar claro que o pai "colaborará com a justiça".

Keiko afirmou que o pai está resfriado e recebe medicação.

Em relação ao processo judicial, está previsto que se inicie na Diroes, de acordo com uma norma publicada hoje no jornal oficial "El Peruano".

Mas em três semanas o ex-presidente será transferido ao Centro Penitenciário Callao Dos, ao norte de Lima, que está sendo especialmente preparado para recebê-lo como único detido.

O ex-presidente Alejandro Toledo, que solicitou em várias ocasiões a extradição ao Japão e iniciou os trâmites quando Fujimori chegou ao Chile, em novembro de 2005, pediu hoje para que o ex-governante não seja prejulgado.

"Nós não somos juízes. Deixemos que a Justiça faça seu trabalho, com independência e sem pressões políticas", disse Toledo à imprensa.

Ele deixou claro, no entanto, que com a extradição "se envia uma mensagem ao mundo de que os atos de corrupção e de violação dos direitos humanos não podem passar impunes".

A Suprema Corte do Chile determinou na sexta-feira a extradição de Fujimori por dois crimes contra a humanidade e cinco de corrupção, após sete anos de permanência no Japão, onde em novembro de 2000 apresentou sua renúncia à chefia do Estado por fax após dez anos no poder.





Fonte: EFE

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