OMS: erros de remédios ocorrem mais em crianças
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que os erros na prescrição e administração de remédios são três vezes mais freqüentes nas crianças do que nos adultos, devido à falta de estudos clínicos, segundo o relatório "Promovendo remédios seguros para as crianças".
Grande parte dos efeitos colaterais nos adultos é devido ao uso irracional ou aos erros humanos na ingestão de remédios. No entanto, nas crianças se devem principalmente à falta de estudos clínicos, disse a porta-voz da OMS, Fadela Chaib, em entrevista à imprensa.
"Precisamos saber mais sobre como reage o corpo das crianças aos remédios para melhorar sua saúde. Por isso, é extremamente importante continuar estudando os potenciais efeitos colaterais nas crianças", disse Howard Zucker, adjunto do diretor-geral da OMS para remédios e tecnologia.
Embora alguns remédios apresentem indicações para o uso infantil, são poucos os remédios desenvolvidos, produzidos e comercializados especificamente para as crianças. Por isso, freqüentemente os pequenos têm que tomar medicamentos que só foram testados em adultos e que não contam com a aprovação oficial para o uso pediátrico.
A falta de fórmulas pediátricas adequadas leva os médicos a receitarem a ingestão de frações de comprimidos dissolvidos ou triturados, sem nenhuma indicação específica sobre a dose adequada, o que pode causar erros. Além disso, Chaib lamentou que não foram provados os benefícios e os riscos de sua ingestão a longo prazo, como é o caso dos anti-retrovirais.
Nesse sentido, disse que mais de 30% das crianças infectadas com o HIV e que passam por tratamentos com anti-retrovirais têm efeitos colaterais, que poderiam desaparecer modificando a dose ou mudando de remédio. Chaib ressaltou também a importância do formato dos remédios, já que as crianças pequenas também podem se engasgar e, inclusive, se asfixiar quando tentam engolir comprimidos excessivamente grandes para seu tamanho.
Como exemplo, a porta-voz da OMS lembrou que isso foi o que aconteceu na Etiópia no começo do ano, quando quatro crianças com menos de três anos morreram asfixiados ao se engasgar com comprimidos.
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