Médico atravessa Estado em trote de falso seqüestro
Um trote telefônico de falso seqüestro levou o médico Lincoln Miyamoto a atravessar praticamente todo o território do Estado de São Paulo, da divisa com Mato Grosso do Sul ao litoral (cerca de 750 km), para entregar o dinheiro do suposto resgate de sua filha aos seqüestradores. O caso ocorreu na quarta-feira, mas foi divulgado pela Polícia Militar hoje.
Morador de Andradina, a 640 km de São Paulo, na divisa com Mato Grosso do Sul, Miyamoto e a mulher, a também médica Lílian, receberam um telefonema pouco depois da meia-noite de quarta-feira anunciando o seqüestro da filha, que mora e estuda em São Paulo.
O casal ficou apavorado porque, ao fundo, ouviu vozes de uma mulher pedindo socorro. Orientado pelos bandidos, Miyamoto desligou os aparelhos fixos de sua casa, juntou R$ 10 mil e mais US$ 1 mil em dinheiro e seguiu viagem a Santos, no litoral paulista, onde deveria entregar o dinheiro aos supostos seqüestradores.
Enquanto isso, Lílian foi orientada a se hospedar num hotel e a comprar R$ 1 mil em cartões telefônicos, que foram usados para recarregar os celulares dos bandidos. Os cartões serviriam ainda para manter os aparelhos do casal ocupados, pois os dois não poderiam fazer ou receber outras ligações.
O caso chegou ao conhecimento da PM porque, pela manhã, a empregada doméstica, ao chegar para trabalhar, encontrou a casa dos médicos aberta. Os telefones estavam arrancados da tomada e jogados dentro de uma vasilha com água. A PM foi até a casa da mãe de Lílian, que também mora na cidade, e acabou contando que a filha do casal havia sido seqüestrada.
Os PMs então suspeitaram se tratar de um trote, ligaram para a jovem e constataram que ela estava bem.
"A partir daí, passamos a ligar sem parar para os celulares do casal, pois sabíamos que, em algum momento, a ligação dos bandidos ia cair. Depois de algumas horas, por volta das 11h da manhã, conseguimos falar com o médico, que estava na rodovia dos Imigrantes, a poucos quilômetros de Santos, e o orientamos a procurar uma base da Polícia Rodoviária", contou o capitão Marcelo Gimenez, da 1ª Companhia da PM de Andradina, que acompanhou pessoalmente o caso.
Lílian foi localizada numa agência bancária de Andradina, quando tentava sacar R$ 5 mil para depositar numa conta dada pelos bandidos.
Procurado hoje pela manhã, o casal não quis falar com a imprensa. A empregada da casa disse que Miyamoto e sua mulher estão traumatizados.
O caso foi encaminhado para a Polícia Civil, que deu início às investigações. O que se apurou até agora é que as ligações partiram do Rio de Janeiro, possivelmente de dentro de algum presídio, e que o número da conta dada a Lílian estava errado, pois o banco informou que a conta é inexistente.
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