Governo estuda regulação do mercado sucroalcooleiro
O Ministério da Agricultura (Mapa) reconheceu hoje (20/9), em reunião com a Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a necessidade de uma presença maior do governo na regulamentação do setor sucroalcooleiro no Brasil. No encontro, os produtores de cana reivindicaram ao governo uma regulação mínima do setor para compatibilizar a relação entre produção e mercado. Os produtores alertam o governo para a redução dos preços médios recebidos pela tonelada de cana que estão cerca de 20% abaixo do seu custo. A principal causa da queda nos preços é o excesso de oferta, decorrente da expectativa de aumento de demanda.
O secretário de Produção e Agroenergia do Mapa, Manoel Bertone, se comprometeu a buscar soluções e afirmou que o governo estuda a criação de um fórum específico para debater com profundidade os problemas da cadeia produtiva da cana-de-açúcar. O objetivo é dar retorno mais rápido às necessidades do setor. “Não adianta investir em possibilidades. Tem que investir em mercados reais”, declarou Bertone. O presidente da Comissão da CNA, Edison Ustulin, explica que, hoje, o mercado sucroalcooleiro é livre e desorganizado, o que acarreta prejuízos à cadeia produtiva. “Não queremos preço especulativo, mas sim uma remuneração que nos permita reinvestir na atividade. Estamos propondo um acompanhamento do governo, considerando o tamanho do mercado e a dificuldade de contemplar todos os agentes da cadeia no processo de verticalização e expansão do setor”, ressaltou Ustulin.
O encontro deu origem a um documento com as propostas do setor produtivo que será entregue ao ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. Entre as sugestões da CNA estão a criação de um órgão de solução de controvérsias dentro do ministério para regular ações entre fornecedores e industriais; o fortalecimento do modelo do Conselho de Produtores de Cana, Açúcar e Álcool (Consecana), por meio da criação de uma entidade nacional; e a inclusão da cana-de-açúcar na Política Geral de Preços Mínimos (PGPM). Ustulin explica que não há uma entidade nacional para criar regras mínimas de convívio e respeito entre os participantes da cadeia produtiva. “Não queremos uma intervenção do governo ou um engessamento do mercado. Sugerimos uma política de apoio, regulação e aprimoramento do modelo Consecana”, argumentou o representante dos produtores.
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