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Internacional
Quinta - 20 de Setembro de 2007 às 16:18

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Milhares de pessoas, entre negros e brancos, se uniram na cidade de Jena, em Louisiana (sul dos Estados Unidos), para protestar contra a decisão da Justiça que deteve seis adolescentes negros. O grupo gritou palavras de ordem por direitos humanos e contra o racismo.

O caso, que ganhou o nome de ‘Jena 6’, estourou quando os estudantes negros tentaram cruzar uma ‘linha racial’ invisível e se sentaram no 'setor branco' dos jardins da escola no começo deste ano.

Poucos dias depois, os estudantes encontraram duas cordas para enforcamento amarradas em uma árvore da escola.

A ira e a violência inter-racial se intensificaram após a decisão inicial do superintendente escolar branco de invalidar a recomendação do diretor da escola de expulsar três estudantes brancos que amarraram as cordas.

Mychal Bell, de 17 anos, estava entre os seis negros acusados de tentativa de assassinato por espancamento de um estudante branco.

Depois de deliberar por menos de três horas em junho, um júri formado apenas por brancos anunciou o veredicto declarando-o culpado por unanimidade por ter causado lesões graves de segundo grau e por conspiração para cometer tal delito, com uma sentença máxima de 22 anos de prisão.

O estudante branco Justin Barker ficou ferido na briga, mas não precisou ser hospitalizado. Ele foi encontrado inconsciente com hemorragia nos ouvidos e no nariz, depois de ter sido atingido várias vezes por um grupo de estudantes negros, segundo disseram testemunhas durante o julgamento.

Mas as acusações apresentadas contra os estudantes negros foram mais severas que as impostas aos estudantes brancos que agrediram negros, disseram membros da comunidade negra.

Jena tem menos de 3.000 habitantes, mais de 85% brancos e 12% de moradores negros, de acordo com o Censo de Estados Unidos.

'Problema antigo'

Conforme Mark Potok, encarregado do Southern Poverty Law Center, especializado na localização de grupos racistas. Segundo ele, os conflitos são freqüentes nos estados do sul do país, onde o racismo está profundamente enraizado no tecido social.

"Há muitos lugares no sul profundo (americano), onde quase nada mudou, mesmo sendo a segregação ilegal", disse Potok para a agência de notícias “France Presse”, em maio passado.

Apesar de um funcionário da escola ter pedido a expulsão dos jovens que colocaram as forcas em Jena, o diretor Roy Breithaupt puniu-os apenas com três dias de suspensão. "Adolescentes pregam peças", disse Breithaupt, na ocasião, à agência de notícias "KNT", desconsiderando que o ato "fosse uma ameaça contra alguém".

A violência se propagou rapidamente. Uma ala central do colégio foi incendiada em novembro. Em seguida, um estudante negro foi surrado ao chegar a uma festa, onde todos os convidados eram brancos. Pouco depois, um jovem branco ameaçou atirar contra três adolescentes negros numa loja. Em dezembro, um grupo de alunos negros agrediu Justin Barker.

Acusados, entre outras coisas, de tentativa de homicídio, os seis jovens poderão ser condenados a penas de até 100 anos de prisão. Destino diferente dos brancos: o adolescente que agrediu o negro na festa foi acusado apenas de agressão, enquanto não foram apresentadas acusações contra o que sacou a pistola para ameaçar o outro negro.

"Não há nenhuma dúvida: os brancos e os negros são tratados de formas diferentes aqui", acusa Melvin Worthington, o único negro membro do conselho administrativo do colégio de Jena, afirmando que a violência poderia ter sido evitada se os três estudantes que penduraram a forca na árvore tivessem sido punidos severamente.

Segundo um informe recente da associação Urban League, a diferença racial se manifesta ao nível nacional. Quando detidos, os negros têm três vezes mais chances de serem presos: 24,4% dos negros detidos em 2005 nos Estados Unidos acabaram na prisão contra 8,3% dos brancos.

Suas sentenças são, em média, 15% mais longas que as dos brancos pelos mesmos crimes ou delitos. A maior disparidade se observa nas agressões com agravantes: em média, os negros passam quatro anos na prisão, enquanto os brancos ficam três anos presos.





Fonte: G1

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