Seis milhões de brasileiros deixam a misériaG
No ano passado, cerca de seis milhões de brasileiros deixaram a miséria (indivíduos que vivem com até R$ 125 por mês), segundo levantamento divulgado nesta quarta-feira (19) pelo pesquisador Marcelo Néri, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Segundo a pesquisa, o percentual da população brasileira que vive em situação de miséria caiu de 22,77% em 2005 para 19,31% em 2006. Em 1992, o percentual da população que vivia em situação de miséria era de 35,16%.
Em 2006, de acordo com o pesquisador, 36 milhões de brasileiros viviam na miséria. No ano passado, segundo estimativas do IBGE, a população brasileira era de 186,8 milhões de habitantes.
A conta foi feita a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada pelo IBGE na semana passada. Para Néri, o ano de 2006 "foi o melhor ano isolado da série história da nova Pnad, com queda de 15% da miséria", em relação à pesquisa de 2005.
Segundo a pesquisa, o percentual de miseráveis é maior entre os homens (19,41%) do que entre as mulheres (19,22%). As maiores taxas se encontram ainda no grupo dos mais jovens - 0 a 4 anos (33,88%), 5 a 9 anos (33,32%), 10 a 14 anos (29,79%) e 15 a 19 anos (21,85%).
Além disso, há uma concentração da miséria entre os grupos com menos anos de estudos. Entre os que não estudaram, a proporção de miséria chega a 35,1%; e entre os que estudaram entre um e três anos, 30,85%. Já entre os que estudaram 12 ou mais anos, o percentual é de 2,82%.
Renda
Segundo a pesquisa, a renda média aumentou 9,16%, saltando de R$ 452,48 (2005) para R$ 493,63 (2006). O crescimento ficou acima da inflação oficial medida no ano passado -o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, fechou em 2006 com alta de 3,14%.
Os dados também mostram que a renda dos homens continua mais de 50% superior à das mulheres. O rendimento médio dos homens em 2006 foi de R$ 635,25 (contra R$ 589,66 em 2005), e o das mulheres subiu de R$ 322,14 para R$ 359,32.
As maiores rendam se encontram nos grupos de pessoas que vão dos 50 aos 59 anos. Entre os brasileiros que têm entre 50 e 54 anos, o rendimento chegou a R$ 997,01 em 2006, contra R$ 914,67 em 2005. No grupo dos que têm entre 55 e 59 anos, a renda subiu de R$ 925,41 para R$ 986,55.
Os mais escolarizados têm renda bem maior na comparação com outros grupos. Os brasileiros com 12 ou mais anos de estudos tiveram renda média de R$ 1.669 em 2006, contra R$ 527,77 dos que estudaram entre oito e 11 anos e R$ 337,64 dos que estudaram entre quatro e sete anos.
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