Em 10 anos, 20 milhões de alunos usaram livro polêmico
Segundo o ministério, 50 mil escolas receberam a coleção desde 1998. Na compra feita pelo MEC em 2005, ela representava 30% - a maior parte - do total de livros de história escolhidos. A opção pelo livro é feita pelos próprios professores a partir de um guia do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) do MEC. Nele, há uma avaliação de especialistas de universidade federais contratados para o serviço.
“Esse livro é o maior sucesso do mercado editorial didático dos últimos 500 anos”, diz o editor da Nova Geração, Arnaldo Saraiva. Ontem, a editora e o autor divulgaram carta conjunta sobre o artigo do jornalista Ali Kamel publicado no jornal "O Globo", na terça-feira (18), que transcreveu trechos da coleção. “Não publicamos livros para fazer crer nisso ou naquilo, mas para despertar nos estudantes a capacidade crítica de ver além das aparências e de levar em conta múltiplos aspectos da realidade”, diz o comunicado. Procurado, Schmidt não quis dar entrevistas.
A coleção, com livros para alunos de 5ª a 8ª séries, menciona que a propriedade privada aumenta o egoísmo e o isolamento entre as pessoas e que o Movimento dos Sem-Terra (MST) se tornou um importante instrumento na luta pela justiça social no Brasil. Além disso, critica o acúmulo de capital da burguesia e faz elogios ao regime cubano.
“O problema do livro do Schmidt é que ele não propõe um debate historiográfico, além das incorreções e do preconceito”, afirma o professor de metodologia de ensino de história da pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), Alexandre Godoy. Ele diz ainda que as incorreções identificadas pela equipe de avaliação do PNLD na coleção "Nova História Crítica", como “erro conceitual”, “doutrinação ideológica” e “incoerência metodológica” também aparecem na maioria dos livros didáticos recomendados pelo MEC. “Não existe um livro ideal, livre de ideologia”, afirma Godoy. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
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