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Economia
Domingo - 15 de Dezembro de 2013 às 22:21

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O início da construção da usina de Belo Monte no rio Xingu, em junho de 2011, gerou milhares de empregos -25 mil só nos três canteiros da obra- e movimentou o comércio de Altamira. Não é de estranhar, assim, que 57% de seus moradores se declarem a favor do empreendimento, segundo pesquisa Datafolha.


 
Menos de um terço dos entrevistados (27%) se posiciona contra a usina hidrelétrica. Apenas 14% se dizem indiferentes a ela.

 
Com 159,5 mil km² (oito Sergipes, ou meia Itália), Altamira é o maior município do Brasil, mas está longe de ser o melhor. Seu índice de desenvolvimento humano (IDH) é 0,665, bem no meio do ranking nacional (2.776ª posição entre 5.565 cidades).


 
CAOS URBANO


 
Embora boa parte da obra se localize no município vizinho de Vitória do Xingu, é Altamira que recebe o maior impacto de Belo Monte, por ser a maior cidade daquela região paraense.


 
Dos três componentes do IDH, só a longevidade dos habitantes deixa Altamira (0,811) perto da média nacional (0,816). Renda (0,662 ante 0,739) e educação (0,548 ante 0,637) são seus dois calcanhares de aquiles.


 
Nãosó. Saneamento básico é outro problema agudo. Até agora, como tantas cidades da Amazônia, Altamira tinha índice zero de coleta e tratamento de esgotos, que correm in natura pelas sarjetas e assim são lançados nos igarapés (riachos).


Em contrapartida socioambiental por Belo Monte, a empresa Norte Energia assumiu o compromisso -entre dezenas de "condicionantes" estabelecidas pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis)- de dotar a cidade toda com redes de água e esgotos.


 
As obras estão atrasadas, mas podem ser vistas por toda a cidade. Também só começaram a ser construídas em agosto as 4.100 casas que a empresa se comprometeu a fazer para a população que precisará ser reassentada.


 
Só 3% dos entrevistados pelo Datafolha apontam espontaneamente a questão sanitária como ponto negativo da construção de Belo Monte, porém. Os campeões de queixas são a falta de segurança (39%) e os congestionamentos e acidentes de trânsito (20%).


 
Em apenas duas semanas, a reportagem da Folha testemunhou pelo menos três acidentes com motos e carros. Bebedeiras e brigas são frequentes nos bares da orla do rio, sobretudo nos fins de semana e após o pagamento de operários do Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM), grupo de empreiteiras contratado pela Norte Energia.


 
Quase um terço (32%) dos moradores ouvidos pelo Datafolha afirmam que tiveram algum parente ou amigo assassinado nos últimos dois anos. Além disso, 17% dos residentes contam ter sofrido roubo, assalto ou agressão nesse mesmo período.


 
AVALIAÇÃO POSITIVA


 
O Datafolha entrevistou separadamente, em Altamira, 246 trabalhadores da obra da usina e colheu entre eles muitas opiniões favoráveis ao empreendimento.


 
A maioria dos entrevistados é de forasteiros: 59% são de fora do Pará e só 14% nasceram em Altamira. Dois terços estão na área há menos de um ano, e metade não pretende ficar. Entre os casados, apenas 40% têm a mulher ou marido morando na cidade.


 
Apesar do isolamento, 64% dos operários de Belo Monte aprovam as condições de trabalho e 57% se dizem muito satisfeitos com ele. Outros 89% consideram ótimo ou bom o conforto nos alojamentos, onde mora a maior parte da força de trabalho da usina em construção.


 
A avaliação positiva se estende à própria hidrelétrica. O contingente de trabalhadores a favor de sua construção (88%) é significativamente superior ao de altamirenses que a apoiam (57%) -como seria de esperar de quem deve a ela seu emprego atual.





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