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Cidades/Geral
Quinta - 09 de Maio de 2013 às 11:54

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A existência de 125 médicos no quadro de funcionários da Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá não resolveu o problema da população, que continua esperando horas por atendimento nas Policlínicas da Capital. Na unidade do Planalto, pacientes reclamam ficar por mais de 8 horas sentados aguardando na fila.

 
 
Anúncio da Prefeitura de Cuiabá aponta que ao assumir a gestão contava com 48 médicos trabalhando nas policlínicas. O ideal seriam 120 e hoje são 125 profissionais na rede. Afirma ainda que “nunca faltam pediatra e clínico-geral no plantão”.

 
 
A história contada pela maioria dos pacientes que usa a rede pública de saúde é diferente. O pintor Elizeu Correia da Silva, 30, chegou à Policlínica do Planalto às 9h com um corte na mão, que estava bastante inchada. Às 17h, ele ainda não havia sido atendido e não tinha previsão para deixar a unidade de saúde. “Cheguei e me deram uma pulseira verde. Até agora não fui atendido. Me disseram que não tenho prioridade, porque têm pessoas em estado mais grave que eu. Então, não mereço ser atendido? Faltei serviço, preciso de uma consulta, de um remédio, estou com dor”.

 
 
Odenil Gonçalo, 39, e Elizangela Ferreira, 25, apresentavam dores no corpo, na cabeça, cansaço e febre. Os dois esperavam há 5 horas por atendimento e também não havia previsão para deixar a Policlínica. “Além de esperar todo esse tempo, não tem copo descartável para beber água e o banheiro está imundo. Desrespeitam a gente de todas as formas possíveis aqui”.

 
 
Irritada com espera que durava mais de 5 horas, Juliane Moreira, 28, reclamava de dor de cabeça e do descaso do sistema público de saúde. “Estou passando mal há 4 dias, com crise de dor de cabeça. Cheguei aqui meio-dia, já são 17h e não fui atendida. Além de nenhum médico atender os pacientes, os funcionários são todos sem educação, estúpidos”.

 
 
Juliane relata que esperar é uma rotina de quem precisa da Policlínica do Planalto, onde no mês passado demorou 5 horas para ser atendida em meio a uma crise renal.

 
 
Diante de tantas reclamações e histórias de pessoas que haviam chegado cedo à unidade de saúde e aguardavam por horas, Rodrigo Venâncio, 30, desistiu do atendimento. “Estou com muita dor de estômago, mas vou embora. Colocaram a pulseira verde em mim e a própria recepcionista me disse que não tem previsão para um médico me chamar. Aqui, pensam que a pulseira é remédio. Colocam no nosso braço e esquecem que a gente existe”.

 
 
A pulseira a que Rodrigo se refere é relacionada à classificação de risco do paciente. Todos que chegam às Policlínicas em busca de atendimento passam pelo setor de triagem que avalia o estado de saúde e faz a classificação por meio das cores vermelha, amarela, verde e azul. A preferência de atendimento é para as duas primeiras cores.

 
 
Na Policlínica do CPA 1 as reclamações não eram diferentes. Embora 4 médicos, sendo 2 pediatras e 2 clínicos, estivessem atendendo, a população aguardava na fila. Elisangela Martins, 35, havia chegado às 13h com a funcionária Letícia Ventura, 17, que estava com dor de cabeça, febre e vômito. Às 16h não havia previsão de atendimento. “Estou muito insatisfeita com essa situação. Até agora ela não tomou nenhum medicamento, não sabem nem quando vão atendê-la”.

 
 
Grávida de 2 meses, Fernanda Souza* esperava há 90 minutos com dores na barriga e nas costas. “A reforma ficou linda, a estrutura é ótima, mas só isso não garante saúde a ninguém. Não é fácil ficar esperando com dor e não ter nenhuma ideia de quando o médico vai te chamar. Sem contar que estou com sede e não tem copo descartável, nunca tem na verdade”.

 
 
A reclamação de Jacira Soares, 38, era sobre a falta de clínico geral no atendimento ambulatorial. Ela queria marcar consulta para a mãe dela, de 82 anos, que esteve internada na semana anterior com problemas no pulmão. “Só tem clínico no Pronto-Atendimento e neurologista para daqui 3 meses. Não tenho o que fazer, me resta esperar a minha mãe piorar de saúde e trazê-la de volta para ser internada”.

 
 
Em companhia do filho Thiago, 13, Patrícia Helena Moya, 42, aguardava quase 2 horas para o adolescente ser atendido no CPA 1. “Ninguém gosta de esperar, mas não vou reclamar porque aqui pelo menos tem médico. No Verdão nem clínico geral tem. Fui lá e me mandaram procurar outra Policlínica”.

 
 
Antes de chegar à Policlínica do CPA 1, Leocinto Manoel de Arruda, 53, passou no Centro de Saúde do bairro, onde não havia clínico geral. “Falam para irmos primeiro no Posto, mas nunca tem médico para atender a gente”.

 
 
Satisfação- Por outro lado, há quem esteja satisfeito com o atendimento, como a dona de casa Sheila Santana, 32, que foi atendida em 20 minutos na Policlínica do CPA 1, no período da manhã. A tarde retornou com a filha e também não aguardou muito tempo para ser recebida pelo médico.

 
 
Na Policlínica do Pedra 90, Maira Auxiliadora Macedo, 48, foi atendida assim que chegou com crise renal. “Cheguei e me atenderam na hora, foi bem rápido. Fui medicada e estou bem melhor”.

 
 
A aposentada Lídia Avelina da Silva, 74, também destacou a agilidade no atendimento. Ela teve uma crise de pressão alta e aguardava alta. “Estou bem, já posso ir para casa”.

 
 
Nota da Prefeitura afirma que nas 6 policlínicas de Cuiabá o número de atendimento cresceu 225% em relação ao primeiro quadrimestre do ano passado. A rede secundária de saúde atendeu 130 mil pessoas de janeiro a abril de 2013, sendo que em 2012 foram realizados cerca de 40 mil no mesmo período.

 
 
A coordenadora da Atenção Secundária da SMS, Marlene Leite, afirma que a Policlínica do Verdão não fica desguarnecida e havia 1 clínico geral o dia em que Patrícia procurou atendimento para Thiago. Quanto às reclamações da demora no atendimento das unidades, ela relata desconhecer o fato, que foi desmentido pela gestão da Policlínica do Planalto.

 
 
Afirma que os copos descartáveis já foram adquiridos e serão distribuídos esta semana, além de garantir que vai pedir uma atenção especial na limpeza dos banheiros. Quanto à falta de educação dos funcionários da unidade do Planalto, a coordenadora diz que todos passarão por capacitação. Se necessário, serão substituídos.

 
 
Explica ainda que não há oferta de agendamento com clínico geral, que são disponibilizados apenas para atendimento no PA. “Os pacientes devem se informar melhor com os assistentes sociais e buscarem as especialidades ofertadas."





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