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Nacional
Sábado - 15 de Setembro de 2007 às 12:43

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Um estudo realizado por um psicólogo do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB) mostrou que os brasileiros não reagem quando alguma pessoa "fura" a fila onde estão, apesar de, em entrevista, cerca de 65% ter afirmado que tomaria alguma atitude. O relatório mostrou que, nestes casos, o indivíduo se mostra cordial e pacífico, preferindo fingir que não viu o acontecido.

A pesquisa, liderada pelo psicólogo Fabio Iglesias, observou e analisou as principais reações das pessoas, elaborando instrumentos de pesquisa em filas de bancos, restaurantes, cinemas ou rodoviárias, para poder explicar os comportamentos inusitados nestas situações. Todos os experimentos não demonstraram diferenças significativas entre homens e mulheres, sendo eles integrantes da fila ou "furões".

Iglesias também bancou o "fura-fila" para descobrir a diferença entre o que o brasileiro fala e o que realmente faz. "Muitos dizem que vão reclamar se alguém entrar na frente, mas o que a análise mostrou é que quase ninguém faz", afirmou.

Segundo Iglesias, mesmo que quase todas as pessoas pensem que a fila é um local intolerável, 20 ítens desenvolvidos por ele e aplicados em 302 indivíduos no Distrito Federal apontaram que o maior incômodo é causado pelo desconhecimento do tempo que se terá de aguardar no local. Buscando resolver este problema, Iglesias sugeriu a colocação de um visor, placas ou a simples justificativa da demora.

Durante a pesquisa, foram feitas simulações em uma fila de banco e em uma de cinema. O caso do banco gerou mais reclamações pelo fato do indivíduo se sentir em uma situação obrigatória, diferente do cinema, onde a pessoa se considera em um momento de lazer e opcional.

Filas no horário de pico do almoço em um restaurante coletivo também foram filmadas durante dois meses, indicando 57 intrusões. Neste caso, Iglesias informou que os furões entravam "como quem não quer nada", ou falando ao celular, olhando para o lado ou cumprimentando alguém da fila. A maior parte das pessoas fingiu não ver.

Outro fator importante destacado pelo estudo, é a escolaridade dos envolvidos. As pessoas que tiveram um maior nível de educação reclamaram mais por causa da demora que os de menor nível. "Nas classes mais baixas, as opções são mais restritas e os indivíduos já estão mais acostumados a tolerar a espera. É o caso, por exemplo, dos serviços bancários", explicou o psicólogo.





Fonte: Folha Online

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