Conselho do Corinthians prepara alteração no estatuto
A comissão formada por conselheiros do Corinthians prepara uma alteração estatutária para evitar o surgimento de um novo Alberto Dualib, que ficou no poder durante 14 anos e foi afastado, suspeito de ter cometido irregularidades em sua gestão e é réu em processo na Justiça por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
O novo estatuto, que deve ser submetido à apreciação do Conselho Deliberativo até o final deste ano, prevê apenas um mandato para o próximo presidente, sem direito a reeleição.
A partir de 1944, o clube, que fez 97 anos no último dia 1º, foi conduzido por apenas quatro presidentes durante 52 anos.
Dualib comandou o Parque São Jorge entre 1993 e 2007. Vicente Matheus acumulou 15 anos no cargo (1959 a 1961, 1972 a 1981 e 1987 a 1991).
Durante outros 13 anos, Alfredo Ignácio Trindade reinou no clube (1944-1946, 1948-1959). Outro cardeal corintiano, Wadih Helu, com influência até hoje nas decisões do clube, dirigiu o alvinegro por 10 anos (1961 a 1971).
"O formato do novo estatuto serve para evitar a situação atual, na qual um dirigente se perpetua no poder", apontou Alexandre Husni, presidente da comissão do novo estatuto.
"Se o Dualib sair, quem o substituir ficará no cargo até o fim do mandato atual, até o final de 2008. Será um mandato tampão. E ele não poderá se reeleger. A gestão desse presidente servirá para devolver de alguma forma a estabilidade ao clube, mas só isso", explicou.
A impossibilidade de reeleição até no mandato tampão, sugerida pela comissão, já gera discussão entre os conselheiros. Isso afugentaria os prováveis candidatos, que não concorreriam para ficar apenas um ano, ou até menos, no cargo.
Husni acrescenta que, segundo o estatuto atualmente em vigor no clube, no caso de a presidência ficar vaga, o novo presidente será eleito pelo Conselho, a não ser que faltem seis meses para uma nova eleição. Nesse cenário, assumiriam os vices atuais - hoje o presidente em exercício é Clodomil Orsi.
Assim como ocorre hoje, o presidente terá direito a um mandato de três anos. Um outro sustentáculo de Dualib no poder, a indicação de cem conselheiros, também será extinta.
O quadro é composto por cerca de 400 conselheiros - 200 vitalícios e 200 quadrienais, sendo metade deles indicados pelo presidente. Pelo novo estatuto, 50% dos conselheiros serão eleitos pelos sócios.
Antes, a chapa vencedora fazia todas as cadeiras no Conselho. Agora, as nomeações serão proporcionais à porcentagem obtida na votação. Ou seja, se uma chapa receber 60% dos votos, fará 60% das cadeiras.
Os conselheiros com mandato provisório também não ficarão quatro anos no cargo, mas três, assim como a diretoria.
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