Documentos de MT serão restaurados e disponíveis para pesquisas

Três documentos de importante valor histórico, tanto para Mato Grosso quanto para o Brasil, estão sendo encaminhados para restauração no Rio de Janeiro, por meio da Superintendência de Arquivo Público de Mato Grosso, ligada à Secretaria de Estado de Administração (SAD). Os documentos a serem restaurados são o “Códice de Cartas Régias, Alvarás e Provisões: 1702 – 1748”, e o livro da “Diretoria Geral dos Índios”, dividido em dois volumes: de 1848 – 1860 e de 1860 – 1873. O objetivo é assegurar aos pesquisadores a permanência desse valor cultural, já que a ação do tempo e o manuseio dos documentos estavam causando a deterioração dos mesmos.

Os documentos estão sob a guarda do Arquivo Público de Mato Grosso, onde são disponibilizados para pesquisas. Mas, devido ao processo de restauração, os originais dos três livros serão recolhidos. Com isso, o Arquivo Público continuará disponibilizando apenas a digitalização e a microfilmagem dos documentos.

O superintendente do Arquivo Público, José Roberto Stopa, explicou que a retirada de circulação dos documentos pode causar alguns transtornos aos pesquisadores, mas que é importante lembrar que “estamos retirando de circulação para que sejam restaurados, visto que, se continuarmos a disponibilizá-los para o público, perderemos esses importantes documentos”.

Stopa lembrou que, a exemplo do “Annaes do Sennado da Camara do Cuyabá”, os três documentos estão sendo preparados para serem transformados em livros. “Estamos trabalhando eles, para que seja disponibilizada sua transcrição, tanto em livro quanto em CD, além da edição fac-similar, também no CD Rom. Nosso objetivo é de que esses livros sejam lançados até meados de 2008”.

De acordo com o secretário de Administração, Geraldo de Vitto, a preservação do patrimônio histórico de Mato Grosso sempre foi um dos compromissos assumidos pelo Governo do Estado, e a restauração destes três livros é dever, levando-se em consideração o valor histórico e cultural contido nas páginas dos documentos. “É nosso dever preservar documentos tão relevantes para a história de um Estado, de um País. A restauração destes documentos demonstra a preocupação do Governo com o passado e a responsabilidade com o futuro. Um povo sem passado é um povo sem história, e é preciso preservar essa história para que possamos entender quem somos, seja como indivíduos, seja como sociedade”.

O MAIS ANTIGO - O livro das provisões reais, que é o Códice de Cartas Régias, Alvarás e Provisões, é o mais antigo do acervo do Arquivo Público. A historiadora e servidora do Arquivo Público, Luzinete Xavier de Lima, explicou que este documento possui informações variadas sobre o período. A primeira carta, datada de 1º de Abril de 1702, descreve instruções aos ministros das juntas das missões da capitania do Rio de Janeiro sobre a administração de índios. O livro termina trazendo a comunicação, pelo Conselho Ultramarinho, da divisão das capitanias de Goiás e de Cuiabá pelo Rio Grande, com data do dia 17 de maio de 1748.

Os outros dois documentos, com numeração 101 e 191 no Arquivo Público, são os dois volumes de registros da “Diretoria Geral dos Índios”, dos anos de 1848 a 1873. Estes livros, conforme explicou a historiadora Luzinete, retratam o controle e o mapeamento feito dos índios no século XIX. “Eles registravam quantos índios morriam, quantos fugiam, quais eram as etnias, entre outros assuntos”.

Nos dois livros existem textos relatando a quantidade de índios existentes, a nomeação de diretores para aldeias, criação de aldeias, mapa de etnias, custeio de índios na cidade, destacamento de praças para aldeias, nomeação de professores de primeiras letras e mestras de culturas também para atuar nas aldeias, entre outros.

ANNAES – Outro documento histórico que também passará por restauração e já foi tirado de circulação é o "Annaes do Sennado da Camara do Cuyabá – 1719 a 1830", transcrito e transformado em livro recentemente, por meio do Arquivo Público de Mato Grosso sob a coordenação da SAD.

A transcrição paleográfica do "Annaes do Sennado" foi realizada, segundo as normas do Arquivo Nacional, pela historiadora e servidora do Arquivo Público, Yumiko Takamoto Susuki, com o apoio dos historiadores e também servidores do Arquivo, Candelária Monteiro de Campos Neta, Eliane Fernandez, Hilário Noriuki Teruia e Vanda Silva. O texto introdutório do livro foi feito pelo professor doutor do Departamento de História da Universidade Federal de Mato Grosso, Carlos Alberto Rosa.

A obra tem em suas 267 páginas as transcrições do original e índice onomástico. A edição de lançamento será especial, pois disponibilizará duas edições digitais, sendo uma da transcrição, em formato PDF, que permite pesquisa instantânea através de palavras-chave, e a outra do documento original, imprescindíveis para historiadores e pesquisadores, público a quem se destina essa publicação.

A publicação do livro foi realizada por meio de uma parceria do Arquivo Público de Mato Grosso com a Entrelinhas Editora, representada pela Maria Teresa Carrión Carracedo.