Preço do álcool varia até 80% em MT
A ampliação da produção de cana-de-açúcar, em Mato Grosso, pode superar barreiras e ampliar produção de etanolAbastecer o carro com álcool ficou em média 20% mais barato em agosto, na comparação com julho, e o preço do combustível nos postos do país chegou a R$ 1,359, em média. Com isso, encher o tanque com etanol é mais vantajoso em 19 estados, entre eles Mato Grosso, e no Distrito Federal, pois o álcool custa até 70% do preço da gasolina.
A redução nos preços é resultado da safra da cana-de-açúcar, que fez com que o álcool nas usinas atingisse, em agosto, o menor valor em três anos, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP: R$ 0,58 por litro. Nos estados onde o álcool é produzido, como Goiás, Mato Grosso e São Paulo, o custo-benefício do etanol é ainda mais claro, pois o combustível custa menos da metade da gasolina.
Apesar da forte queda nos preços, ainda vale a pena abastecer o carro flex com gasolina em alguns estados. Isso porque, enquanto o litro do álcool hidratado sai em média por R$ 1,114 em Goiás, o consumidor de Roraima paga R$ 2,03 pelo mesmo combustível - uma diferença superior a 80%. Além dos custos de transporte para as regiões Norte e Nordeste, onde não se produz muito etanol, há um grande peso tributário na definição do preço do produto.
ICMS faz a diferença
O maior responsável pela diferença de preços do produto entre os estados brasileiros, segundo a ANP, é o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). "O tributo é o que mais influencia essa variação", confirma Gilberto Luiz do Amaral, presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). Dependendo do local de produção e destino do combustível, a incidência do tributo, que é estadual, varia de 12% a 30%.
Não por acaso, nos estados em que a alíquota do ICMS é menor, o litro do álcool hidratado historicamente chega ao consumidor pelos preços mais baixos, mesmo em estados distantes dos grandes centros de produção de álcool, como a Bahia. O imposto baiano é de 19%, enquanto a maioria dos estados brasileiros cobra alíquota de 25%.
Composição do preço
O preço do álcool é determinado, basicamente, por quatro itens: preço do produtor, margem das distribuidoras, margem dos postos e carga tributária, segundo o diretor técnico da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), Antonio de Padua Rodrigues.
O diretor de tributação do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Dietmar Schupp, acrescenta mais uma variável: a logística. "Como 60% do álcool brasileiro é produzido em São Paulo, o transporte e a tancagem são bastante baratos no estado. Já no Rio Grande do Sul, por exemplo, esse custo aumenta".
Enquanto em São Paulo o custo de coleta e transporte é em média de R$ 0,04 por litro, no Rio Grande do Sul o valor sobe para quase R$ 0,10, afirma Schupp.
Mas é no ICMS que o consumidor de São Paulo leva mais vantagem. O estado tem a menor alíquota do país, de 12%. Em geral, os estados produtores de álcool, como São Paulo e Paraná, têm tarifas baratas. "Os governos incentivam essa política como forma de desenvolver o mercado local e manter as usinas no seu território", diz Rodrigues.
Se o álcool tem grande variação, o preço da gasolina é mais homogêneo. Além da produção do combustível fóssil estar menos concentrada - o que reduz os custos com logística - as alíquotas de ICMS que incidem sobre a gasolina são mais parecidas, variando de 25% a 31%. Com isso, a diferença de preço médio do combustível entre os estados é de no máximo 25%, segundo dados da ANP.
O que vale a pena
Em valores absolutos, o litro do álcool é mais barato que o da gasolina em todos os estados do país. Mas o combustível feito a partir da cana-de-açúcar é 30% menos eficiente. Isso significa que, na média, um carro precisa de dez litros de álcool ou sete litros de gasolina para percorrer uma mesma distância.
Isso significa que, mesmo sendo mais cara, a gasolina pode ser mais vantajosa. Para valer a pena e compensar os litros gastos a mais, o álcool deve ter no máximo 70% do preço da gasolina. Na bomba, basta fazer a seguinte conta: multiplicar o preço da gasolina por 0,7. Se o resultado for menor do que o preço do litro de álcool, vale a pena abastecer com o último.
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