No Brasil, motoqueiro prefere pagode e black music
Associado aos motoqueiros principalmente por causa do filme “Easy rider”, que se tornou um ícone dos road movies a partir do final dos anos 60, o Steppenwolf é um ilustre desconhecido entre os motoboys de São Paulo.
Rogério Santos Mello, de 24 anos, deixou o emprego de cozinheiro há três meses para virar motoboy. “É uma profissão perigosa, mas tem muito mais liberdade”, diz. No ouvido, cerca de três a quatro horas diárias de pagode e black music, geralmente nos intervalos dos trabalhos e no trajeto para casa, em Interlagos.
“Gosto de Jeito Moleque, Jennifer Lopez, Akon...”, lista Rogério, que diz preferir os tocadores de MP3. A preferência de Adriano Zago de Carvalho, 39 anos, é parecida, mas só no que diz respeito ao formato. “Tenho muitos discos de vinil, mas passei tudo para MP3”, conta. “Vitrola é coisa que não existe mais.”
No cardápio musical do motoboy, que atua na área há 22 anos, estão discos de Barry White, Bee Gees, Lionel Ritchie e Zapp. “Só ouço música antiga”, frisa. Mas sobre o Steppenwolf, ele nunca ouviu falar. “Step... o quê?”, pergunta. Entre os artistas nacionais preferidos estão Bezerra da Silva, Tim Maia e Roupa Nova. “O show deles é a coisa mais linda que já vi.”
Sem trilha sonora
Freqüentador de um evento para fãs de motos que acontece às terças no Ginásio do Ibirapuera, Rogério faz parte da legião de mais de 150 mil motoqueiros que circula diariamente pela capital paulista. Mas em sua garagem ele tem uma máquina e tanto. “Não abro mão da minha Shadow 600”, diz, referindo-se ao modelo de 600 cilindradas da Honda. “Só ando de carro quando chove.”
Kleber Zanchettin, de 24 anos, divide-se entre o emprego de motoboy em um escritório de contabilidade, durante o dia, e o de entregador de comida chinesa, à noite. Quase não tem tempo para ouvir música. “Só nos fins de semana.” O repertório pode ser qualquer grupo que esteja tocando na hora. “Prefiro ouvir rádio”, diz, acelerando.
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