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Internacional
Quarta - 05 de Setembro de 2007 às 20:58

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Um bombardeiro americano B-52 atravessou os Estados Unidos na semana passada carregado com seis mísseis nucleares, uma grave falha de segurança revelada por autoridades militares nesta quarta-feira (5).

O presidente George W. Bush foi informado a respeito depois de oficiais terem descoberto as ogivas nucleares dentro da aeronave na base da Força Aérea de Barksdale, no estado da Louisiana, segundo uma fonte militar que pediu para não ter o nome revelado.

A Força Aérea americana dispensou de suas funções o comandante do esquadrão armado da Base Aérea de Minot, em Dakota do Norte, e abriu uma investigação para apurar o que aconteceu, informou um porta-voz.

"Em momento algum a segurança pública foi ameaçada", declarou o tenente-coronel Ed Thomas. "É importante frisar que durante todo o tempo o armamento permaneceu seguro e sob controle militar."

O Pentágono não forneceu detalhes, alegando o cumprimento de normas de segurança. No entanto, um especialista afirmou que se trata de uma falha sem precedentes, apontando para um preocupante lapso no sistema de controle aéreo das Forças Armadas.

"Todas as evidências apuradas até agora indicam uma falha isolada", disse Thomas. "O erro foi descoberto por oficiais durante uma checagem interna da Força Aérea.

O comando de combate da Força Aérea ordenou que fosse realizada uma ampla revisão de todo o processo em todas as bases.

"O comandante do esquadrão armado foi dispensado de suas funções, e nossa atitude definitiva agora depende dos resultados da investigação", afirmou o porta-voz. "Além dele, outros oficiais foram afastados de qualquer atividade envolvendo munições.

Ogivas nucleares

Ainda segundo a fonte militar anônima, seis mísseis de cruzeiro carregados com ogivas nucleares estavam alojados embaixo das asas do bombardeiro B-52 que voou entre as bases aéreas de Minot e Barksdale no dia 30 de agosto.

Hans Kristensen, especialista em armamento nuclear americano, disse que não ouvia falar de armas nucleares funcionais sobrevoando o país desde a década de 60.

"Me parece fantástico que tantos pontos de checagem possam ser tão difuncionais", comentou. "E temos tantos pontos e checagens justamente para que esse tipo de incidente não ocorra."

kristensen disse ainda que as Forças Armadas mantêm um comando computadorizado e um sistema de controle que rastreia qualquer movimentação de armas nucleares, para que saibam exatamente onde estão a qualquer momento.

Em relação às ogivas, o especialista explicou que existem checagens e procedimentos detalhados em vários pontos, do momento em que deixam os bunkers onde são armazenadas até o carregamento em alguma aeronave militar e depois que decolam.

"Talvez o fator mais preocupante em relação a este incidente em particular seja o fato de que, aparentemente, um indivíduo com autoridade de comando em relação à movimentação dessas armas decidiu que elas deveriam ser deslocadas", afirmou.

"É um assunto que envolve comando e controle, e isso leva a um questionamento do sistema, porque se um indivíduo pode fazer isso, quem sabe o que pode acontecer?".

Perturbador

Ike Skelton, presidente do House Armed Services Committee, divulgou um comunicado no qual escreve que o descuido com armas nucleares é "profundamente pertubador".

"O povo americano, nossos amigos asssim como nossos potenciais adversários precisam ter certeza de que são seguidos os mais altos padrões são seguidos quando se trata de nosso arsenal nuclear", diz o comunicado.

As armas envolvidas no incidente faziam parte de um lote de 400 mísseis de cruzeiro que o Departamento de Defesa decidiu aposentar ao longo do ano.

Os mísseis de cruzeiro avançados são uma versão mais discreta e de longo alcance dos mísseis de cruzeiro usados no início dos anos 80.

Eles carregavam ogivas de até 150 quilotons, força destrutiva dez vezes maior que a bomba que destruiu a cidade japonesa de Hiroshima no final da Segunda Guerra Mundial.

Armas nuclares são geralmente tranferidas em aviões de carga, nunca alojados sob as asas de um bombardeiro, explicou Kristensen. Os vôos desse tipo de avião carregados com armamento nuclear funcional foram encerrados no final da década de 60 depois de acidentes na Esoanha, em 1966, e na Groenlândia, em 1968.

A fonte militar explicou que a descoberta foi informada ao general Peter Pace, presidente do Joint Chiefs of Staff. O oficial disse que a notificação chegou até o presidente. "Existem procedimentos, e eles foram seguidos", afirmou.




Fonte: G1

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