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Nacional
Quarta - 05 de Setembro de 2007 às 19:27

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A professora Eurydice Schoedl, de 53 anos, mãe do promotor Thales Ferri Schoedl, disse na tarde desta quarta-feira (5) que existe uma “perseguição implacável” do procurador geral da Justiça de São Paulo, Rodrigo Pinho, contra o seu filho. “Desde o princípio ficou clara a intenção (dele) de afastar meu filho. Eu não consigo entender”, disse a professora, durante entrevista coletiva no escritório dos advogados de defesa de Thales, no Jardim América, na Zona Sul de São Paulo.

Thales Ferri Schoedl é acusado de ter assassinado o estudante Diego Modanez em 2004 na praia de Riviera de São Lourenço, em Bertioga, a 92 km de São Paulo. Além de Diego, um outro estudante, Felipe Siqueira Cunha de Souza, também foi baleado na ocasião, mas sobreviveu. Até hoje, ele possui uma bala alojada no fígado.

A professora chegou a questionar de onde teria saído o dinheiro para pagar as passagens do procurador Pinho a Brasília. Na semana passada, Rodrigo Pinho foi até a Capital Federal para solicitar ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) a revisão da decisão do órgão especial do MP em São Paulo que efetivava Thales no cargo de promotor. Por causa disso, o CNMP suspendeu temporariamente a decisão anterior dos procuradores de São Paulo.

Durante a entrevista, Eurydice se referiu à expressão (dedo sujo) utilizada por Pinho em referência a Thales, caso ele continuasse como promotor. “Quem age em legítima defesa não tem dedo sujo, não. Acho que isso (no caso de Thales ser julgado e absolvido para continuar nas suas funções) até fortalece, porque ele vai ter uma outra visão de tudo, de júri, de acusação, de defesa”, afirmou, esclarecendo que desta forma o filho supostamente teria maior discernimento para cuidar de futuros casos como promotor.

Apesar das acusações contra o promotor, a professora disse que, caso seu filho seja inocentado e possa continuar no cargo, não vê problemas no fato de ele continuar trabalhando subordinado ao procurador geral. “Doutor Rodrigo Pinho não é a instituição inteira”, falou, acrescentando que também não teme reação popular em cidades do Interior contra seu filho. “Depois que terminar e for comprovada a legítima defesa, está tão clara que não tem problema.”

Segundo a professora, depois deste julgamento, em caso de inocência, o próprio Thales ficaria mais confortável para se portar diante da imprensa. Ela admitiu que estaria falando no lugar do filho justamente por causa deste falta de conforto que ele estaria passando atualmente. “Eu acho que a imprensa tem sido meio cruel com a nossa privacidade. Nós nos sentimos ameaçados. São pichações, câmeras ocultas, passou dos limites do que nós podíamos suportar.”

Falta de respeito

Eurydice chegou a resumir que o motivo do crime ocorrido em Bertioga foi a falta de respeito. “Se houvesse respeito por uma pessoa que anda na praia com a sua namorada, nada disso teria acontecido. Acho que a falta de respeito foi a causa do acidente.” A mãe de Thales reforçou a tese de legítima defesa e de que o estudante Felipe teria começado os insultos contra o promotor.

Para Eurydice, os 12 tiros disparados pelo promotor contra a vítima foram, sim, legítima defesa, já que, segundo ela, boa parte, teria sido de aviso. Ela negou que o conflito entre os estudantes e seu filho tenha começado em uma boate. “O início foi no meio da rua. Thales foi perseguido. Ele chegou a se identificar como promotor e dizer que estava armado, mas eles acharam que ele era um promotor de eventos e que arma era de brinquedo.”

Eurydice afirmou que o filho teria dito que não queria confusão e que acredita que os jovens não se intimidaram por causa da baixa estatura de Thales. Segundo ela, o filho tem um 1,70m e Felipe teria cerca de 2m e Diego, 1,98m. Ela defendeu o fato de o promotor estar armado e chegou a afirmar que, se em outros casos de ameaça, as vítimas estivessem armadas a situação seria diferente. “Aquele índio pataxó que foi queimado (em Brasília, em 1997) se tivesse armado, se aquela empregada doméstica (agredida no Rio de Janeiro, na madrugada de 23 de junho deste ano) estivesse armada, nada daquilo teria acontecido.”

Ela justificou que o filho havia começado a andar armado após ter sofrido ameaças na cidade de Diadema, por causa de um caso jurídico pelo qual foi responsável. Ela ressaltou que ele tinha porte de arma. A professora disse ainda que alguns membros de sua família, incluindo Thales, vêm sofrendo ameaças pela internet e afirmou que gostaria que a mãe de Diego perdoasse tudo o que aconteceu. “Nós todos estamos sofrendo muito com tudo isso, mas gostaria que ela perdoasse.”

A assessoria do Ministério Público informou que o progurador geral não irá se pronunciar sobre as afirmações de Eurydice Schoedl.

Defesa

O advogado de Thales Schoedl, Rodrigo Marzagão, disse que a intenção de Euryduce Schoedl de falar com a imprensa nesta quarta-feira foi a de mostrar que Thales também tem mãe, pai e irmãos e que todos também estão sofrendo muito. Ele descartou a hipótese de que os depoimentos da professora sejam um recurso da defesa para melhorar a imagem de Thales.

Marzagão acrescentou que não teme o júri popular, pois acredita que ele também fará justiça, mas disse que acha absurda a parcialidade do Tribunal de Justiça de São Paulo esteja sendo julgada e afirmou que aguarda a intimação de Thales para poder avançar nas ações de defesa.




Fonte: G1

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