Pressões sobre preços agrícolas explicam salto do IGP-DI para 1,39% em agosto

A combinação de diversos fatores ligados aos produtos agrícolas foi a principal causa para o salto dado pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), cuja variação pulou de 0,37% em julho para 1,39% em agosto. Fatores combinados de alta demanda internacional por itens agrícolas, quebra de safra internacional de alguns produtos, aumento da demanda interna e entressafra impulsionaram o índice, que nos últimos 12 meses acumula alta de 5,19% - o maior patamar para 12 meses desde os 6,5% registrados em junho de 2005.

Os produtos agrícolas responderam por avanço de 6,15% no atacado, que responde por 60% do IGP-DI, contra alta de 1,79% no mês anterior. As maiores influências para a inflação de 1,96% do Índice de Preços do Atacado (IPA) foram a soja em grão, que subiu 8,06% em agosto, contra 1,67% em julho; o leite in natura, com ganho de 13,85%, contra 8,91% em julho; milho em grão, que passou de 0,68% negativos em julho para 12,29% no mês passado; bovinos (de 6,97% para 5,11%); e óleos combustíveis (de 0,32%) para 5,16%.

No Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que responde por 30% do IGP-DI, os alimentos também se destacaram entre as principais influências positivas. O tomate, que havia recuado 11,11% em julho, subiu 29,53% em agosto; o leite tipo longa vida desacelerou de 15,28% para 5,15% no período; e o leite em pó pulou de 7,17% para 9,89%. "A produção, processamento e comercialização de alimentos responde por mais da metade do IGP-DI", ponderou Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da FGV.

Segundo o economista, mesmo na área industrial, os principais aumentos foram causados pelo repasse de altas de preços nas matérias-primas agrícolas.

"A demanda por produtos agrícolas é forte no mundo todo e o Brasil está tirando proveito disso, exportando muito, e na medida em que exporta muito, o mercado interno também acaba sofrendo um pouco esses impactos", explicou ele. "Além disso, o mercado interno também está se fortalecendo e há o impacto do câmbio, que nesse momento ainda é fator secundário."