Vendedora e seus dois filhos são espancados por policiais

A vendedora de roupas Angela Aparecida Ferreira, 42, denunciou ter sido torturada e espancada no interior do posto da polícia civil do município de União do Sul, (550 km de Cuiabá). Ontem ela teve alta de um hospital da Capital e fez a denúncia contra os agentes identificados como "Paulinho" e "Pacholão", que seriam os responsáveis pelo único posto policial da cidade, que não conta com destacamentos da Polícia Militar.

A vítima se submeteu a exame de corpo delito. Ela afirmou que seus 2 filhos, ambos trabalhadores com emprego fixo, também foram espancados. Os irmãos Anselmo Ferreira, 25 e Adriano Ferreira, 23, foram os primeiros a serem arrancados de dentro da casa da família, no dia 23 de agosto, quando foram presos. Segundo Angela, os policiais civis acusaram os 2 rapazes de traficarem e de venderem roupas roubadas. Mas Angela garante que mesmo tendo revistado toda a casa os policiais não encontraram nada que comprometesse a família. Mesmo assim prenderam os rapazes que foram espancados e torturados.

Quatro dias depois, no dia 27 de agosto, foi a vez de Angela ser presa. Ela disse que os policiais a prenderam inicialmente acusando-a de ter roubado a moto que pilotava e o capacete que usava. "Apanhei na delegacia. Quebraram minha dentadura. Eu ainda apanhei mais porque tive uma crise de nervos e avancei neles também. Eles me levaram no hospital e o enfermeiro me aplicou uma injeção para me acalmar só que quase perdi o braço com a infecção", acusou a vendedora que também é cozinheira em uma carvoaria onde um dos filhos trabalham. Disse que quando esteve presa presenciou vários sessões de espancamento no interior do posto policial, inclusive de adolescentes torturados por "Paulinho" e "Pacholão". Ela veio para Cuiabá com a ajuda da prefeitura, mas disse que não tem dinheiro nem para alimentação.O delegado corregedor, Paulo Vilela, disse ontem que só vai se pronunciar sobre as denúncias hoje, às 9h.