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Seca na África barrou expansão humana, diz estudo norte-americano
Uma mudança no clima da África 70 mil anos atrás pode estar por trás da grande expansão da população humana na época e da sua migração para fora desse continente, o berço do homem moderno.
A pista para a alteração climática foi encontrada no fundo de três lagos africanos. Antes da pesquisa, relatada na atual edição da revista científica "PNAS" (www.pnas.org), da Academia de Ciências dos EUA, o que se sabia do clima antigo do continente vinha de dados coletados no mar.
Segundo os 19 autores do estudo, coordenado por Christopher Scholz, do Departamento de Ciências da Terra da Universidade Syracuse, EUA, o pano de fundo ambiental da evolução e disseminação do Homo sapiens primitivo na África oriental é conhecido principalmente através de formações geológicas isoladas e de sedimentos marinhos distantes.
Eles fizeram sondagens nos lagos Nyasa (Maláui) e Tanganica, na África oriental, e no lago Bosumtwi, em Gana, para obter dados climáticos antigos de regiões continentais.
Os dados do Nyasa foram particularmente completos e continuados. "Nosso registro mostra períodos de severa aridez entre 135 mil e 75 mil anos atrás, quando o volume de água do lago foi reduzido em pelo menos 95%", escreveram eles.
Somando-os aos dados obtidos nos outros lagos, os cientistas puderam documentar um aumento "dramático" na umidade a partir de 70 mil anos atrás. Os lagos foram se enchendo de água e o clima tornou-se mais estável.
"Essa mudança climática pode ter estimulado a expansão e migrações das antigas populações humanas", dizem eles no estudo --que, no entanto, se concentra mais em registrar as mudanças no clima do que em especular sobre como se teria dado a evolução humana.
"A mudança para um clima mais estável e hospitaleiro depois de 70 mil anos atrás muito provavelmente contribuiu para a expansão das populações humanas ao aliviar muitos dos estresses ambientais que certamente estavam operativos antes", disse Scholz à Folha; mas também "é possível que apenas o aumento de pressões populacionais tenha contribuído para as migrações".
Segundo Scholz, ainda existe muito debate sobre quando teriam sido as migrações bem sucedidas para fora da África; há quem sugira que isso só teria ocorrido há 54 mil anos.
"É difícil definir um mecanismo causal exato, dado esse nível de incerteza no registro antropológico. O registro paleoclimático também não é muito preciso", diz o cientista.
Para ele, o aspecto provavelmente mais importante do estudo foi o reconhecimento de que ciclos de aridez e umidade não são sincrônicos com as glaciações nas regiões de latitude mais alta e sim causados por mudanças na órbita da Terra.
Segundo Scholz, um outro artigo, escrito por um dos co-autores, Andrew Cohen, da Universidade do Arizona, deverá ser publicado nas próximas semanas na mesma "PNAS" trazendo mais detalhes sobre a questão das migrações humanas pré-históricas.
Além dos dados fósseis, é possível utilizar estudos de material genético --como o DNA das mitocôndrias, passado por via materna--, para inferir a data das migrações. Como lembram Scholz e colegas, antigos estudos de DNA mitocondrial indicavam a origem dos ancestrais humanos no sul ou no leste da África.
A pista para a alteração climática foi encontrada no fundo de três lagos africanos. Antes da pesquisa, relatada na atual edição da revista científica "PNAS" (www.pnas.org), da Academia de Ciências dos EUA, o que se sabia do clima antigo do continente vinha de dados coletados no mar.
Segundo os 19 autores do estudo, coordenado por Christopher Scholz, do Departamento de Ciências da Terra da Universidade Syracuse, EUA, o pano de fundo ambiental da evolução e disseminação do Homo sapiens primitivo na África oriental é conhecido principalmente através de formações geológicas isoladas e de sedimentos marinhos distantes.
Eles fizeram sondagens nos lagos Nyasa (Maláui) e Tanganica, na África oriental, e no lago Bosumtwi, em Gana, para obter dados climáticos antigos de regiões continentais.
Os dados do Nyasa foram particularmente completos e continuados. "Nosso registro mostra períodos de severa aridez entre 135 mil e 75 mil anos atrás, quando o volume de água do lago foi reduzido em pelo menos 95%", escreveram eles.
Somando-os aos dados obtidos nos outros lagos, os cientistas puderam documentar um aumento "dramático" na umidade a partir de 70 mil anos atrás. Os lagos foram se enchendo de água e o clima tornou-se mais estável.
"Essa mudança climática pode ter estimulado a expansão e migrações das antigas populações humanas", dizem eles no estudo --que, no entanto, se concentra mais em registrar as mudanças no clima do que em especular sobre como se teria dado a evolução humana.
"A mudança para um clima mais estável e hospitaleiro depois de 70 mil anos atrás muito provavelmente contribuiu para a expansão das populações humanas ao aliviar muitos dos estresses ambientais que certamente estavam operativos antes", disse Scholz à Folha; mas também "é possível que apenas o aumento de pressões populacionais tenha contribuído para as migrações".
Segundo Scholz, ainda existe muito debate sobre quando teriam sido as migrações bem sucedidas para fora da África; há quem sugira que isso só teria ocorrido há 54 mil anos.
"É difícil definir um mecanismo causal exato, dado esse nível de incerteza no registro antropológico. O registro paleoclimático também não é muito preciso", diz o cientista.
Para ele, o aspecto provavelmente mais importante do estudo foi o reconhecimento de que ciclos de aridez e umidade não são sincrônicos com as glaciações nas regiões de latitude mais alta e sim causados por mudanças na órbita da Terra.
Segundo Scholz, um outro artigo, escrito por um dos co-autores, Andrew Cohen, da Universidade do Arizona, deverá ser publicado nas próximas semanas na mesma "PNAS" trazendo mais detalhes sobre a questão das migrações humanas pré-históricas.
Além dos dados fósseis, é possível utilizar estudos de material genético --como o DNA das mitocôndrias, passado por via materna--, para inferir a data das migrações. Como lembram Scholz e colegas, antigos estudos de DNA mitocondrial indicavam a origem dos ancestrais humanos no sul ou no leste da África.
Fonte:
Folha Online
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/208429/visualizar/
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