Repórter News - reporternews.com.br
Agronegócios
Terça - 04 de Setembro de 2007 às 14:07

    Imprimir


Demanda aquecida e prognóstico de novas altas elevaram cotação para maior nível desde 2004. A corrida por soja no mercado brasileiro fez o preço da saca bater ontem R$ 41 em Paranaguá (PR), valor que não se via desde 2004, melhor ano da oleaginosa. A perspectiva de novas altas no preço está fazendo com que o produtor que ainda tem estoques segure a oferta na expectativa de lucrar um pouco mais. Indústrias e tradings estão correndo atrás do produto para manter esmagamento e cumprir contratos de venda externa.

Segundo o especialista da Soma Corretora, Thiago Alarcon, há fábricas que não estão conseguindo comprar produto. "Ontem, o mercado chegou a ofertar R$ 41 em Paranaguá, mas nem assim o produtor quis vender. Quando a soja ostenta alta, eles querem sempre mais, nunca estão satisfeitos", conta Alarcon. O indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) registrou ontem preços de R$ 39,63 em Paranaguá. "Mas muitos negócios superaram os R$ 40", acrescenta o pesquisador Lucílio Alves.

O diretor de mercado da processadora de soja ABC Inco, Leonardo Freitas, explica que é efetiva a dificuldade das indústrias esmagadoras de comprar soja no mercado. "Por conta dessa oferta escassa, nosso custo de aquisição de matéria-prima foi elevado em 5% a 10% diante do que esperávamos para o ano", acrescenta o executivo. Ele se refere à parcela de sua demanda interna que é comprada depois da safra - historicamente em 30%, mas que foi reduzida na safra 2006/07 diante da perspectiva altista para os preços da soja. Dessa forma, por ter antecipado um pouco mais a aquisição de soja para o ano, Freitas explica que o volume demandado foi "praticamente" todo comprado.

A maior parte da soja restante da safra 2006/07 está na região Sul do País, segundo estimativa da Céleres Consultoria. Essa região ainda detém 72% de sua produção total de 22,7 milhões de toneladas, o que significa volume retido de cerca de 16 milhões de toneladas. O Paraná, que produziu metade desse volume - 11,7 milhões de toneladas - ainda possui 71% de sua produção de soja.

Alves, do Cepea, explica que, ao mesmo tempo em que é a região com mais soja estocada, o Sul é também o maior produtor nacional de outros grãos que estão com boa rentabilidade - trigo e milho. "Em um primeiro momento, é mais vantajoso para o agricultor vender milho ou trigo. No caso do milho, o produtor precisa aproveitar os preços bons, pois é grão com menor liquidez que a soja e sua formação de preço não é tão fundamentada. Já o trigo, porque está com preços superiores aos da soja, o que não é comum", completa Alves. Na sexta-feira, a saca do trigo cotada a R$ 33,60 no Oeste do Paraná, enquanto a de soja por R$ 32,10. Há duas semanas, em 15 de agosto, o trigo valia menos que a oleaginosa. A saca saía por R$ 30,33, enquanto a soja, R$ 31,19.

O produtor de grãos Armando Ortenzi Neto, que produz milho e soja em Paranavaí, Noroeste do Estado, afirma que ainda tem 20% de sua produção de soja, vendeu 100% da safra de milho e, até agora, já negociou 30% apenas da de milho safrinha. "Estou segurando tudo, soja e milho, à espera de preços melhores. A gente acompanha Bolsas e cotação do câmbio a todo o momento", avisa.





Fonte: 24 Horas News

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/208510/visualizar/