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Clérigos muçulmanos usam internet para emitir fatwa
Do Cairo - Muçulmanos podem beber cerveja sem álcool? É permitido para mulheres islâmicas arrancar pêlos da sobrancelha? Para encontrar respostas a perguntas da vida moderna, como estas, cada vez mais muçulmanos estão recorrendo a websites que emitem fatwas.
A fatwa é um pronunciamento legal emitido por um especialista em lei islâmica quando existem dúvidas de como proceder em determinada situação.
Muitos sites são direcionados a muçulmanos que vivem fora do mundo árabe e têm seu conteúdo em inglês, como o IslamOnline.
"Recebemos perguntas de todos os temas imagináveis, mas a maioria apresenta problemas familiares e, em segundo lugar, financeiros", explica o editor da seção de sharia (lei religiosa islâmica) do IslamOnline, Ywael Shihab.
É possível encontrar dúvidas curiosas, como se é permitido ler os livros sobre o pequeno mágico Harry Potter, o que é terminantemente probibido pelos muftis (os especialistas que emitem as fatwas), por tratar de assuntos de "magia negra".
Outro internauta pergunta se o suborno é permitido e, surpreendentemente, o mufti responde que em certas situações a atitude é considerada aceitável.
"Pagar um suborno é permitido para se livrar de um mal que recaiu sobre você de forma opressiva ou para obter um direito que seria impossível obter sem o pagamento do suborno, com a condição de que você tenha certeza de que nenhum mal maior ocorra como resultado (do pagamento do suborno), como sua detenção ou punição", esclarece o mufti.
Apesar da praticidade de fazer consultas online, especialmente para muçulmanos que não têm condições de recorrer a um imã em uma mesquita, a emissão de fatwas na internet recebe várias críticas.
"Algumas autoridades expressaram preocupação que elas subvertam tradicionais avenidas de conhecimento religioso e questionam as qualificações de alguns indivíduos que emitem as fatwas", afirma o professor de assuntos islâmicos da Universidade do País de Gales, Gary Bunt, autor do livro Islã na Era Digital.
Shihab garante que os muftis que dão os conselhos no IslamOnline são pessoas "altamente qualificadas de várias partes do mundo, cada um especializado em uma área diferente da lei islâmica".
Porém, na opinião de Bunt, o maior problema das fatwas online é a possibilidade de encontrar respostas diferentes para a mesma pergunta, inclusive no mesmo site, permitindo que o internauta escolha a resposta que lhe seja mais conveniente.
"Uma resposta pode parecer ''certa'' para um indivíduo ou uma autoridade específica e pode haver espaço para uma variedade de opiniões em certas áreas do pensamento e da prática islâmicos", afirma Bunt.
"A Internet reflete este potencial para ambigüidade e, de certa forma, reflete uma discussão antiga sobre questões de interpretação religiosa."
Shihab também identificou o fenômeno e diz que o IslamOnline aconselha seus usuários a confiar nas provas e evidências nas quais os muftis se baseiam para emitir as fatwas e "não escolher aquilo que é fácil, evitando o que é difícil".
"Mesmo pessoas ''offline'' às vezes procuram mais de um imã nas mesquitas para encontrar a resposta que mais lhes agrada. Mas não é do caráter do muçulmano escolher o que é fácil e ignorar o que é correto", diz Shihab.
No caso da pergunta do primeiro parágrafo deste texto, o correto é não beber cerveja sem álcool. Segundo o mufti que respondeu a questão, a prática é considerada haram (pecado).
"O processo de produção de cervejas e vinhos alcoólicos e não-alcoólicos é o mesmo. Depois que a cerveja ou o vinho são produzidos, o álcool é retirado da bebida para torná-la não alcoólica. Nunca é removido 100% do álcool. O princípio islâmico é que a coisa toda é haram."
Já as mulheres muçulmanas que querem arrancar suas sobrancelhas têm de se contentar com a aparência que elas têm, já que arrancar pêlos do rosto é "haram", com a exceção de "bigodes e pêlos de barba, se a mulher for desafortunada o suficiente em ser incomodada por eles".
Em apenas um caso, o visual das sobrancelhas pode ser alterado: "Se as sobrancelhas ficarem tão densas que provoquem aborrecimento no marido, é permitido apará-las para um tamanho mais apropriado e normal".
A fatwa é um pronunciamento legal emitido por um especialista em lei islâmica quando existem dúvidas de como proceder em determinada situação.
Muitos sites são direcionados a muçulmanos que vivem fora do mundo árabe e têm seu conteúdo em inglês, como o IslamOnline.
"Recebemos perguntas de todos os temas imagináveis, mas a maioria apresenta problemas familiares e, em segundo lugar, financeiros", explica o editor da seção de sharia (lei religiosa islâmica) do IslamOnline, Ywael Shihab.
É possível encontrar dúvidas curiosas, como se é permitido ler os livros sobre o pequeno mágico Harry Potter, o que é terminantemente probibido pelos muftis (os especialistas que emitem as fatwas), por tratar de assuntos de "magia negra".
Outro internauta pergunta se o suborno é permitido e, surpreendentemente, o mufti responde que em certas situações a atitude é considerada aceitável.
"Pagar um suborno é permitido para se livrar de um mal que recaiu sobre você de forma opressiva ou para obter um direito que seria impossível obter sem o pagamento do suborno, com a condição de que você tenha certeza de que nenhum mal maior ocorra como resultado (do pagamento do suborno), como sua detenção ou punição", esclarece o mufti.
Apesar da praticidade de fazer consultas online, especialmente para muçulmanos que não têm condições de recorrer a um imã em uma mesquita, a emissão de fatwas na internet recebe várias críticas.
"Algumas autoridades expressaram preocupação que elas subvertam tradicionais avenidas de conhecimento religioso e questionam as qualificações de alguns indivíduos que emitem as fatwas", afirma o professor de assuntos islâmicos da Universidade do País de Gales, Gary Bunt, autor do livro Islã na Era Digital.
Shihab garante que os muftis que dão os conselhos no IslamOnline são pessoas "altamente qualificadas de várias partes do mundo, cada um especializado em uma área diferente da lei islâmica".
Porém, na opinião de Bunt, o maior problema das fatwas online é a possibilidade de encontrar respostas diferentes para a mesma pergunta, inclusive no mesmo site, permitindo que o internauta escolha a resposta que lhe seja mais conveniente.
"Uma resposta pode parecer ''certa'' para um indivíduo ou uma autoridade específica e pode haver espaço para uma variedade de opiniões em certas áreas do pensamento e da prática islâmicos", afirma Bunt.
"A Internet reflete este potencial para ambigüidade e, de certa forma, reflete uma discussão antiga sobre questões de interpretação religiosa."
Shihab também identificou o fenômeno e diz que o IslamOnline aconselha seus usuários a confiar nas provas e evidências nas quais os muftis se baseiam para emitir as fatwas e "não escolher aquilo que é fácil, evitando o que é difícil".
"Mesmo pessoas ''offline'' às vezes procuram mais de um imã nas mesquitas para encontrar a resposta que mais lhes agrada. Mas não é do caráter do muçulmano escolher o que é fácil e ignorar o que é correto", diz Shihab.
No caso da pergunta do primeiro parágrafo deste texto, o correto é não beber cerveja sem álcool. Segundo o mufti que respondeu a questão, a prática é considerada haram (pecado).
"O processo de produção de cervejas e vinhos alcoólicos e não-alcoólicos é o mesmo. Depois que a cerveja ou o vinho são produzidos, o álcool é retirado da bebida para torná-la não alcoólica. Nunca é removido 100% do álcool. O princípio islâmico é que a coisa toda é haram."
Já as mulheres muçulmanas que querem arrancar suas sobrancelhas têm de se contentar com a aparência que elas têm, já que arrancar pêlos do rosto é "haram", com a exceção de "bigodes e pêlos de barba, se a mulher for desafortunada o suficiente em ser incomodada por eles".
Em apenas um caso, o visual das sobrancelhas pode ser alterado: "Se as sobrancelhas ficarem tão densas que provoquem aborrecimento no marido, é permitido apará-las para um tamanho mais apropriado e normal".
Fonte:
BBC Brasil
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/208591/visualizar/
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