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Economia
Sábado - 01 de Setembro de 2007 às 20:00

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O controle de preços imposto pelo governo argentino causou perdas de R$ 708 milhões à Petrobras de janeiro de 2005 a julho deste ano. A perda é resultado da venda de diesel subsidiado -abaixo do custo de importação do produto- pela estatal brasileira no país vizinho.

Somente no primeiro semestre deste ano a Petrobras Energia, controlada pela estatal com sede na Argentina e negócios na Venezuela, Peru, Equador e Bolívia, registrou resultado operacional negativo em R$ 125 milhões na área de refino e distribuição de combustíveis.

Em 2006, a perda operacional (considera os custos e receitas de vendas, sem contabilizar ganhos ou perdas financeiros) ficou em R$ 468 milhões.

Em 2005, o prejuízo havia sido de R$ 115 milhões. Os valores foram convertidos de peso para real nas datas de fechamento dos balanços da Petrobras Energia.

Segundo o diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, a companhia registra prejuízo nas vendas de diesel na Argentina já há dois anos. A perda, diz o diretor, é pontual, pois a Petrobras Energia é lucrativa no conjunto de suas atividades.

"Onde temos prejuízo é na parte de distribuição. Isso já vem há dois anos porque temos de atender o nosso mercado de diesel importando o produto a preços internacionais e vendendo-o a preço tabelado." Indagado sobre o suposto subsídio à Argentina, Cerveró disse: "Financiamos o consumidor, não o governo argentino".

Segundo mercado

Em razão especialmente dos ganhos na área de exploração e produção de óleo, a Petrobras Energia registrou lucro de R$ 176 milhões no primeiro semestre deste ano -menos do que os R$ 465 milhões de igual período de 2006. No ano passado, a subsidiária lucrou R$ 988 milhões. Em 2005, o ganho havia sido de R$ 748 milhões.

Cerveró ressaltou que as atividades da Petrobras na Argentina são "muito diversificadas" (incluem também geração e venda de energia elétrica, petroquímica e fertilizantes) e "todas são lucrativas, com exceção do diesel". A Argentina é o segundo principal mercado da Petrobras.

Problema diplomático

A política de controle de tarifas e preços de energia do governo Néstor Kirchner já causou um imbróglio diplomático em março deste ano.

Em resposta às declarações do presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, sobre o congelamento, a Argentina ameaçou reavaliar concessões da companhia por entender que as afirmações representavam interferência num assunto soberano do país. O mal-entendido, porém, foi desfeito.

Para evitar a disparada da inflação, o governo argentino lança mão da Lei do Abastecimento, que prevê multas e outras sanções às companhias que deixarem de vender os produtos no mercado interno.

No final de 2006, a Shell foi multada em R$ 16,3 milhões por ter supostamente deixado de abastecer seus postos com diesel. A Petrobras já recebeu sanção de R$ 630 mil.

Outros países

A Petrobras acumulou prejuízos em outros países sul-americanos no primeiro semestre deste ano.

Na Venezuela, a perda foi de R$ 25 milhões. Segundo Cerveró, o motivo foi a mudança dos contratos com petroleiras estrangeiras, cujo modelo passou para o de compartilhamento de produção com participação de 60% da PDVSA. Antes, segundo o diretor, os acordos de prestação de serviço "eram mais vantajosos".

No Equador, o prejuízo foi de R$ 33 milhões em decorrência da mudança da tributação sobre a produção de óleo e do atraso na entrada em operação de um campo que depende de licenciamento ambiental.

Gabrielli disse recentemente que a companhia não pauta seus negócios por oscilações nos resultados trimestrais. Ao falar da Venezuela, ressaltou que as reservas "gigantes" de petróleo justificam a presença naquele país.

Já na Bolívia, a venda das duas refinarias à estatal YPFB fez as operações voltarem ao azul. O lucro foi de R$ 110 milhões no primeiro semestre deste ano.





Fonte: Olhar Direto

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