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Economia
Sexta - 31 de Agosto de 2007 às 16:09

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O preço médio do leite ao produtor em agosto, referente à produção de julho, continuou em alta mesmo com o aumento no volume captado pelas empresas em todos os estados, aponta estudo do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq e USP. Para setembro, a expectativa é que os preços continuem avançando.

Conforme o levantamento, 61% dos agentes de mercado (indústria e produtores) consultados apostam em novos acréscimos. Para outros 38%, os preços devem seguir estáveis e para apenas 1%, a aposta é de queda. Para o Cepea, o resultado mostra que a tendência de preços ao produtor começa a mudar, uma vez que, no levantamento anterior (para o atual pagamento), 95% dos consultados estimavam elevações.

Segundo o pesquisador do Cepea, Gustavo Beduschi, o mercado interno sustentou a elevação dos preços, após a retração da produção doméstica, e o mercado externo reforçou o quadro, enxugando o excedente.

"O preço é fortemente atrelado ao mercado interno e o externo surge como mais um mercado consumidor, que ajuda a enxugar a produção, com bons preços. Mas isso começa a mudar um pouco porque a oferta está sendo retomada", disse Beduchi.

De junho para julho, o índice de captação de leite do Cepea teve elevação de 10,41%. No mesmo período de 2006, o aumento foi de 3,92%, em 2005, de 3,53% e em 2004, de 2,21%.

Segundo o pesquisador, o setor está buscando um ponto de equilíbrio. "Há muitas mudanças na produção, com produtores mais tecnificados e profissionalizados. Também há o novo consumidor, que é o mercado externo. Não estamos mais dependendo só de nós. Tudo isso foi mexendo com o mercado. O setor está em um movimento de acomodação, até achar equilíbrio", explicou Beduchi.

Quanto ao retorno do preço do leite a patamares menores, o pesquisador descartou previsões. "Ainda houve repasse para o atacado em julho. O aumento acontece primeiro no produtor, depois no atacado para depois chegar na ponta [varejo]. E a pesquisa aponta que ainda pode subir [o preço] em setembro", disse.

Estoque

Ontem, durante a divulgação do Índice de Confiança da Indústria da FGV (Fundação Getúlio Vargas), o coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises Econômicas do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), Aloísio Campelo Júnior, mostrou preocupação com a queda dos estoques de produtos pecuários, em especial carne bovina e leite. "Há dificuldades de suprir a demanda por causa da fraca oferta de carne e leite dos produtores. Por isso eles já pressionam a inflação para cima", explica.

Na quarta-feira, a FGV divulgou inflação de 0,98% pelo IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) em agosto. Foi a maior variação mensal desde agosto de 2004, quando o índice apontou alta de 1,22%. Os preços do leite 'in natura' registraram alta de 10,62%, contra 9,73% em julho.

Também neste mês, a alta dos preços dos alimentos, principalmente do leite e derivados, já tinham feito o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15), prévia da inflação oficial, disparar em agosto. O leite e seus derivados, cujo aumento foi de 10,62%, se destacou com a maior contribuição individual do mês: 0,23 ponto percentual.

Preços

Entre os sete estados pesquisados, o valor médio de agosto pago ao produtor subiu 11,85%, para R$ 0,7654 o litro em agosto. A maior alta, de 20,5%, ocorreu na Bahia, com o litro a R$ 0,5032, em julho, para R$ 0,6064 neste mês. Já a menor variação, de 7,64%, foi registrada em São Paulo, onde o preço médio passou de R$ 0,7096 para R$ 0,7638 o litro.

Em Minas Gerais, o litro foi cotado, em média, a R$ 0,7863 (alta de 13,91%) em agosto, em Goiás, a R$ 0,7866 (alta de 11,64%) e no Paraná, a R$ 0,7640 (alta de 11,63).

No mercado atacadista de São Paulo, o movimento de alta dos preços começa a perder força, segundo o Cepea. "Enquanto na comparação de junho com maio, o aumento médio dos seis produtos pesquisados pelo Cepea foi de 10,2%, de junho para julho, a valorização média foi de apenas 1,7%."

Exportação

No acumulado de 2007 (janeiro a julho), a receita com as exportações brasileiras de lácteos somou US$ 93,7 milhões, alta de 9% frente o mesmo período de 2006 (US$ 85,9 milhões).

Com importações de US$ 81,9 milhões, o Brasil tem balança positiva em US$ 11,8 milhões. Em igual período do ano passado, a balança comercial de lácteos acumulava um saldo positivo de US$ 5,5 milhões. O leite em pó foi o produto mais exportado pelo Brasil, correspondendo a 52% da receita de julho (US$ 13,1 milhões).

Em agosto, o preço médio dos produtos lácteos exportados pelo Brasil foi de US$ 3,24 o quilo, aceleração de 8,4% em relação ao mês anterior, segundo o Cepea.





Fonte: Folha Online

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