Controlador de vôo fica calado em depoimento

Durou menos de 20 minutos o interrogatório do controlador de vôo Jomarcelo Fernandes dos Santos, que é réu no processo que investiga as causas da queda do Boeing da Gol, em setembro do ano passado, que resultou na morte de 154 pessoas. Nesta terça-feira (28), o juiz federal Murilo Mendes deve ouvir os quatro controladores de vôo que estavam de plantão no Centro de Controle de Tráfego Aéreo de Brasília, o Cindacta-1, no dia do acidente. Santos foi o segundo a ser ouvido.

Santos, outros três controladores e os dois pilotos do jato Legacy que bateu com o Boeing são acusados de colocar em risco o transporte aéreo, com agravante pelas mortes. Segundo a denúncia do Ministério Público aceita pela Justiça, Santos tinha ciência do risco de colisão e, por isso, foi o único acusado de crime doloso.

Santos não respondeu às perguntas do juiz e da própria defesa e repetiu a frase: "Me reservo ao direito de ficar calado", a cada questionamento.

O juiz Murilo Mendes perguntou sobre a contratação dos advogados de defesa dos controladores. Santos não respondeu. A advogada Ana Cristina Souza disse que o escritório que ela trabalha foi procurado pelos operadores para a defesa.

No interrogatório anterior, também nesta terça-feira (28), o controlador Felipe Santos dos Reis chegou a afirmar que não estava compreendendo as perguntas feitas pela defesa.

Audiência

O juiz convocou os pilotos jato Legacy, Joe Lepore e Jan Paladino, a prestarem depoimento em Sinop na segunda-feira (27), na primeira audiência da Justiça brasileira sobre o acidente, mas eles não compareceram. O advogado deles, Theodomiro Dias Neto, apresentou requerimento para que seus clientes fossem ouvidos nos Estados Unidos. O juiz negou o pedido.

Na segunda-feira (27), Mendes declarou que o processo deve recorrer à revelia desses réus - ou seja, segue normalmente, mesmo sem o depoimento dos dois.

Acidente

O jato Legacy bateu em um Boeing da Gol em setembro do ano passado. O avião da companhia aérea brasileira caiu em uma região de mata fechada no Norte de Mato Grosso e as 154 pessoas que estavam a bordo morreram. Foi o segundo maior acidente aéreo registrado no país. O único que registrou maior número de vítimas foi o acidente com o vôo 3054 da TAM, que causou a morte de 199 pessoas, em julho deste ano.