Demanda mundial em alta impulsiona o setor de grãos
O setor de grãos, o que mais fez os produtores se endividarem nas últimas safras, pode ser o de maior recuperação. As demandas por alimento e por biocombustíveis, além de estoques abaixo da média histórica, sustentam os preços externos.
Os produtores brasileiros, embalados por esses preços, devem colher uma safra recorde de grãos no próximo ano.
A soja mantém a liderança, mas seguida de perto pelo milho. Para José Pitoli, da Coopermibra, cooperativa do noroeste do Paraná, safra recorde e elevação de preços em Chicago podem dar receita próxima de R$ 35 bilhões ao produtor de soja, R$ 7,3 bilhões a mais do que neste ano, que já marcou um início de recuperação.
O cenário para o milho também é bom. O Brasil entra na brecha deixada pelos EUA, que, cada vez mais, têm menos produto para exportar. Neste ano, os norte-americanos devem produzir uma safra recorde próxima de 330 milhões de toneladas. Ainda assim, os estoques finais vão ficar no perigoso limite de apenas 10% do consumo. Com qualquer problema na próxima safra, será quebrado esse equilíbrio.
Com tantas incertezas, os preços internacionais sobem, e Pitoli estima que os produtores devem receber pelo menos R$ 16 bilhões por esse produto no próximo ano, valor que supera em R$ 6,2 bilhões o deste ano.
Ganham também os produtores de trigo. Preços internacionais em alta e dificuldades de os moinhos adquirirem o produto na Argentina "geram um dos melhores momentos na história do trigo, após a privatização do setor", diz Pitoli.
Avicultura e suinocultura também vêem cenário melhor para 2008. Pedro Camargo Neto, da Abipecs (associação do setor), diz que o panorama se confirma se o país abrir novos mercados e eliminar as barreiras sanitárias atuais.
Já o analista José Carlos Teixeira vê uma evolução nos preços pagos aos produtores do setor avícola, que pode ser de 12%. Mas destaca que são previsões com o cenário atual, e esse setor é bastante sensível ao mercado externo.
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