Uma doença pouco conhecida, mas que afeta trabalhadores rurais, pode ser tratada por meio de medicamentos e assistência gratuita do Sistema Únicao de Saúde (SUS) em Mato Grosso. A micose pulmonar é contraída pela inalação de um fungo muito presente no solo e provoca sintomas muito similares aos de outras doenças, por isso tem sido pouco conhecida e notificada, apesar da alta incidência.
Devido à predominância de homens nos trabalhos rurais, a micose pulmonar tende a afetá-los mais que as mulheres. Dentre os sintomas, estão falta de apetite, enjôos e diarréia com potencial para fazer a pessoa perder massa significativamente.
Além disso, segundo a infectologista Andrea Ferreira Nery, podem ser percebidas alterações nos pulmões, na cavidade oral, no nariz, na pele e até no sistema nervoso central. Como os sintomas são compartilhados por outras doenças mais corriqueiras, as pessoas geralmente têm dificuldade para perceber que se estão sofrendo de uma doença diferente e, por isso demoram a procurar tratamento, mas ele está disponível no SUS.
Em Cuiabá, além de obter os medicamentos gratuitamente, os pacientes podem procurar o acompanhamento clínico-ambulatorial no Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM), ligado à Universidade Federal de Mato Grosso.
A unidade atende hoje cerca de 200 pacientes que sofrem de micose pulmonar. A falta de informação por parte dos pacientes é que mantém o número de atendidos tão baixo.
Além disso, segundo a bioquímica Rosane Hahn, a doença é negligenciada, no sentido de que as ocorrências não são de registro obrigatório. Para corrigir a situação, há medidas como a tomada pelo estado do Paraná, que impôs obrigatoriedade no registro dos casos de micose pulmonar. A bioquímica critica a demora do tratamento disponibilizado atualmente, que leva dois anos para chegar a uma cura eficaz (a taxa de sucesso é de 70 a 80% dos pacientes). Ela sugere que o Ministério da Saúde disponibilize uma medicação existente que poderia implementar tratamentos eficazes com duração mais curta, de três a seis meses.
Por enquanto, em Mato Grosso, uma parceria firmada entre a faculdade de Medicina da UFMTe a Secretaria de Estado de Saúde (SES) garante a realização de diagnósticos e monitoramento do perfil dos pacientes da doença, segundo a farmacêutica Terumi Takahara.
Comentários