Julgamento do mensalão começa pelo Banco Rural
Na parte de ontem da sessão, Joaquim Barbosa concordou com o argumento do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que acusou de crime de gestão fraudulenta a dona do Banco Rural, Kátia Rabello, o vice-presidente José Roberto Salgado, o diretor Vinícius Samarane e a ex-vice-presidente Ayanna Tenório. No total, o banco emprestou sem garantias R$ 29 milhões para empresas de Marcos Valério, que repassavam os valores a parlamentares e credores de partidos aliados. Os repasses seriam recuperados pelo Banco Rural com a injeção de dinheiro do Banco Central.
Se for confirmada a abertura do processo pela maioria dos ministros, os eventuais réus terão de se defender da acusação de prática de crime previsto na Lei dos Crimes do Sistema Financeiro, a Lei do Colarinho Branco. As penas variam de 3 a 12 anos de prisão.
É provável que o julgamento de pedido de abertura de processos penais contra os outros 36 indiciados pelo Ministério Público Federal se estenda até a próxima semana. O relator Joaquim Barbosa decidiu fatiar o voto de mais de 400 páginas. Ontem, ele só apresentou os argumentos contra os quatro dirigentes do Banco Rural e, ainda assim, leu apenas o capítulo que trata do crime de gestão fraudulenta. Ele ainda não leu as acusações de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
O caso do deputado cassado José Dirceu, por exemplo, o mais aguardado do julgamento no Supremo, passará por três votações no plenário. O Ministério Público Federal o considerou “chefe” da “organização criminosa” e o acusou por crimes de corrupção ativa, peculato (uso de bens públicos para proveito pessoal) e formação de quadrilha. A presidente do STF, Ellen Gracie, avalia que o julgamento deve continuar pelo menos até terça-feira.
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