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Internacional
Quinta - 23 de Agosto de 2007 às 23:12

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Washington, 23 ago (EFE).- A divulgação, hoje, de um relatório oficial da Inteligência americana que questiona a gestão do primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, colocou o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, em uma posição difícil.

Bush tinha reiterado na quarta-feira seu respaldo a Maliki.

O documento coloca em dúvida a capacidade do primeiro-ministro e de seu Governo de superar as diferenças sectárias e avançar rumo à reconciliação, segundo o texto vazado para a imprensa, antes de sua publicação.

Trata-se da nova Avaliação Nacional de Inteligência sobre o Iraque, elaborada pelas 16 agências de inteligência americanas.

A Inteligência cita "melhoras modestas" no campo econômico e reconhece que houve "progressos apreciáveis, mas desiguais", no âmbito da segurança, especificamente em certas regiões nas quais se conseguiu incluir os sunitas nas forças de segurança iraquianas.

As forças de segurança iraquianas, segundo o texto, evoluíram "adequadamente", embora sua progressão não seja suficiente para que possam dirigir operações sem a ajuda das forças da coalizão.

A Casa Branca, através de um de seus porta-vozes, Gordon Johndroe, ressaltou que o texto mostra claramente que a estratégia dos EUA "melhorou o entorno da segurança no Iraque", embora tenha reconhecido que também evidencia que ainda há "muitos desafios difíceis para a enfrentar".

O balanço não é tão positivo em nível político, já que os serviços de inteligência assinalam no mesmo relatório que os atuais dirigentes iraquianos "continuam sendo incapazes de governar com eficácia".

"As dificuldades na situação de segurança e a ausência de líderes-chave" estagnaram o debate político interno, colocando obstáculos para as decisões políticas e "aumentado a vulnerabilidade de Maliki", acrescenta o documento.

Apesar disso, o porta-voz da Casa Branca reiterou hoje que Washington "continua apoiando os esforços do primeiro-ministro Maliki" e dos diferentes responsáveis políticos do país para conseguir um Iraque mais estável e seguro.

Os serviços de inteligência prevêem que o Governo iraquiano será ainda "mais precário" em um prazo de 6 a 12 meses.

O relatório, de dez páginas, insiste em que no âmbito político não foram registrados avanços e em que os atuais dirigentes "continuam sendo incapazes de governar com eficácia".

"As dificuldades na situação de segurança e a ausência de líderes-chave" estagnaram o debate político interno, obstaculizaram as decisões políticas e "aumentaram a vulnerabilidade de Maliki", acrescenta o documento.

Estas são conclusões com as quais Bush parece não concordar, a julgar por suas declarações de quarta-feira, nas quais definiu o chefe de Governo iraquiano como "um bom homem com um trabalho difícil". "Eu o apóio", acrescentou.

O presidente fez estas declarações para aplacar as especulações surgidas por outras que tinha feito no dia anterior, na cúpula entre líderes da América do Norte em Montebello (Canadá), nas quais reconheceu sentir certa frustração com a atual liderança no Iraque.

Com isso, começaram a surgir várias críticas contra o primeiro-ministro em Washington, onde o primeiro a pedir abertamente sua substituição foi o presidente do Comitê de Forças Armadas do Senado, o democrata Carl Levin.

A ele se uniram outros, como a pré-candidata democrata Hillary Clinton, que disse na quarta-feira que "os líderes iraquianos não cumpriram seus próprios objetivos políticos de dividir o poder (...), aprovar uma lei sobre o petróleo, organizar eleições provinciais e reformar a Constituição".

Até mesmo o embaixador americano em Bagdá, Ryan Crocker, reconheceu esta semana que são "frustrantes" os resultados obtidos no Iraque no âmbito da segurança e da reconciliação nacional.

Todas estas críticas chegaram a Maliki, que reagiu enviando uma mensagem aos EUA na qual deixou claro que "ninguém tem o direito de impor condições a um Governo eleito" e que o Iraque "pode encontrar amigos" em todas as partes.

A polêmica veio à tona semanas antes de o principal responsável das tropas americanas no Iraque, o general David Petraeus, apresentar ao Congresso e à Casa Branca sua própria avaliação sobre os resultados da estratégia que os EUA lançaram no país em janeiro, quando Bush decidiu enviar tropas adicionais ao Iraque.

O general irá ao Capitólio em 11 ou 12 de setembro para prestar contas dos resultados obtidos até agora e para, segundo a imprensa, recomendar uma redistribuição das tropas americanas, mas não uma redução das mesmas.





Fonte: EFE

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