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Cidades/Geral
Terça - 21 de Agosto de 2007 às 13:10
Por: Kleber Lima

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Um dos pressupostos da série de artigos em que proponho a discussão da nova sociedade civil emergida no Brasil desde o pós-ditadura militar, do Brasil contemporâneo, é a falência dos partidos políticos como entidades de representação política da sociedade.

Não no sentido de negar a importância dos partidos. Ao contrário, no sentido de, por meio da crítica conceitual dos seus modelos de representação, buscar saídas para essa crise de representação.

Neste contexto, reveste-se de importância extrema aos que compartilham da preocupação com os partidos políticos, observar estudo realizado pela KGM junto aos eleitores de Cuiabá, de 28 a 30 de julho, intitulada “Percepção dos Cuiabanos sobre os Partidos Políticos”.

O estudo revela que a imagem dos partidos é a pior possível. A primeira coisa que veio à cabeça dos entrevistados sobre partidos políticos de Cuiabá, por exemplo, foi corrupção, com mais de 30% das respostas. Outras negatividades, como “falta de compromisso”, “revolta”, “bagunça”, “mentiras” e “aversão” receberam outros 29.9% das indicações. Ou seja, exatos 60% dos entrevistados externaram percepções negativas sobre os partidos políticos, enquanto apenas 4,9% expressaram positividades, ainda assim relativas, como ”melhorias/esperança”. Os demais opinaram com neutralidades ou não opinaram.

Em outra variável, 74.9% dos entrevistados atribuíram notas de zero a 5 aos partidos políticos, sendo 20% apenas no zero. Embora 42.1% dos respondentes tenham considerado os partidos muito importantes na hora de decidir em quem votar (e outros 16.4% para pouco importante), quando perguntados se votariam ou deixariam de votar em um candidato apenas por causa do seu partido político, 84.5% responderam que não votariam por essa razão, e 66.5% afirmaram não deixariam de votar só por causa do partido.

Há mais dados relevantes ainda. Quando perguntados sobre o que acham mais importante na hora de votar em um candidato, a opção “as propostas dos candidatos” ficaram com 58.7% das respostas, e “o candidato” com outros 26.2%, confirmando-se o senso comum de que o eleitor vota na pessoa e não no partido – esse último recebeu apenas 2.9% das indicações.

O desinteresse pelos partidos é tanto que, à exceção do presidente Lula, a esmagadora maioria dos entrevistados não soube informar corretamente o partido do governador Blairo Maggi (16.9% de acertos) e do prefeito Wilson Santos (25.7% de acertos). Já 82.9% acertaram o partido do presidente Lula. (Claro que para esta variável a fidelidade do presidente ao PT, a importância política e a base social da legenda, e o cargo que Lula ocupa influenciaram bastante nessas respostas. É o típico caso em que a exceção confirma a regra).

Há inúmeros outros aspectos que podem ser avaliados no estudo (os interessados podem conhecê-lo pormenorizadamente acessando www.kgmcomunicacao.com.br/pesquisas.php). Os dados já informados, contudo, permitem uma conclusão contundente: os partidos políticos, ao menos em Cuiabá, vivem uma grave crise de representação e de imagem, que necessita de tratamento adequado por parte dos seus militantes, sob pena de perderam completamente sua importância social e política.

KLEBER LIMA é jornalista pós-graduado em marketing e consultor da KGM COMUNICAÇÃO, MARKETING e PESQUISAS. E-mail: kleberlima@terra.com.br / www.kgmcomunicacao.com.br.





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