Exportadoras negam estragos com recuo em preços de matéria-prima
As indústrias produtoras de commodities acompanham com atenção a alta dos preços provocada pelo crise dos mercados financeiros internacionais, mas dizem não acreditar ainda numa freada brusca da demanda mundial nem cogitam, por enquanto, congelar investimentos.
A Vale do Rio Doce diz que trabalha com cenários de longo prazo e não fará nenhuma alteração em seus planos de investimento e de captação de recursos por causa da volatilidade dos mercados. A companhia projeta investimentos de US$ 6,3 bilhões neste ano.
A cotação do níquel, novo grande foco de atuação da mineradora com a aquisição da Inco, caiu 18,5% desde o início da turbulência, no final de julho, até a última sexta-feira.
Para o diretor da Vale Fabio Barbosa, o "mundo continua a crescer" e não ruma "na direção de uma estagnação", embora ele diga acreditar que a crise terá um "efeito de segunda ordem [indireto]" sobre o consumo e os investimentos por causa do cenário de maior restrição do crédito.
O empresário Eike Batista, presidente da mineradora MMX, disse que a queda dos preços das commodities ocorre por causa de um movimento de especulação, sem lastro com a economia real, cujo crescimento continuará forte. "O mundo está bombando. Nunca cresceu dessa maneira. Mesmo se o crescimento da economia americana se desacelerar para 2%, o cenário ainda será positivo."
A CSN afirmou que acompanha os desdobramentos da crise, mas não prevê retardar investimentos. Estão previstos R$ 12 bilhões em duas novas usinas siderúrgicas e na ampliação da extração de minério da mina de Casa de Pedra. Desde o início da turbulência, as placas de aço já se desvalorizaram em 10,9%.
Paulo Camillo Penna, presidente do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), disse que, se a crise perdurar, pode afetar a expansão da economia mundial e rebater nas exportações brasileiras -21% do saldo comercial está atrelado a produtos minerais (minério de ferro e petróleo especialmente).
Comentários