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Internacional
Sábado - 18 de Agosto de 2007 às 22:11

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Pisco (Peru), 18 ago (EFE).- Com uma logística mais bem preparada e reforços na segurança, a Defesa Civil do Peru distribuiu neste sábado água e comida à população de Pisco, que após três dias de dificuldades se organiza para suprir as necessidades básicas.

As autoridades peruanas também começaram hoje a avaliar a situação nas pequenas povoações litorâneas afetadas pelo terremoto de quarta-feira, e redobraram a presença militar nestas cidades para conter a violência e os saques.

A região está sem água ou eletricidade, as estradas estão devastadas, e a ajuda humanitária nacional e internacional não pára de chegar ao aeroporto da cidade de Pisco.

As áreas ribeirinhas mais afetadas pelo terremoto e pela forte ressaca que o seguiu foram Paracas, e a zona portuária de San Andrés, localizada entre Pisco e o aeroporto.

Lagunilla, uma das aldeias de pescadores do município de Paracas, teve praticamente todas as suas casas afetadas. Além disso, 70 navios afundaram, e mais de 500 pessoas foram atingidas, disse um dos moradores da região, que não quis se identificar.

A Defesa Civil começou a enviar ajuda à cidade e a outros núcleos do município de Paracas. No entanto, ainda não se conhece completamente a magnitude dos danos nestes locais.

Nas zonas mais próximas ao litoral, as equipes de avaliação de danos e assistência médica primária começam a chegar para um primeiro reconhecimento.

"Nestas pequenas povoações, quase não temos informações sobre a perda de vidas humanas", disse o ministro da Habitação peruano, Hernán Garrido Lecca.

Acredita-se que nestes povoados o número de mortos não será muito alto.

"Mas as casas são feitas de barro e cana, e por isso a maioria delas desabou", afirmou o ministro.

Das cerca de 486 mortes registradas após o terremoto, cerca de 400 ocorreram em Pisco, e 75 em Chincha, mas este número ainda pode aumentar. Além disso, o cismo deixou 1.500 pessoas feridas e mais de 80 mil desabrigadas.

Três dias depois da catástrofe, o povo começa a se desesperar, conforme vão se esgotando as poucas reservas de alimentos, e pede às autoridades mais comida e uma melhor distribuição da ajuda.

Segundo testemunhas e a imprensa peruana, o saque já começou nas áreas devastadas pelo terremoto.

O presidente do Peru, Alan García, prometeu hoje em Pisco que as forças do Exército e a Polícia agirão com "mão de ferro" diante de qualquer tentativa de saque. Ele anunciou que mil soldados serão deslocados para a área.

"Estamos duplicando o número de tropas das Forças Armadas. Esperamos chegar a mil efetivos no fim da tarde", disse o ministro da Defesa peruano, Allan Wagner.

Atualmente, há cerca de 400 soldados na região que, juntos a outros 600 policiais, tentam evitar os saques, principalmente noturnos.

García disse que "pode estabelecer um toque de recolher" caso seja necessário, apesar de ter descartado esta possibilidade horas antes.

Além disso, centenas de presos fugiram, após o desmoronamento de duas penitenciárias em função do abalo. O Governo, no entanto, assegura que "a maioria já foi recapturada".

Na cidade de Chincha, uma pessoa levou um tiro, após um bando invadir ontem à noite um dos hospitais, aproveitando a escuridão e a pouca presença policial, informou a porta-voz do Ministério da Saúde, Lorena Trelles.

No aeroporto de Pisco, permanece instalado um grupo de aproximadamente 500 soldados de Infantaria da Marinha, que chegaram à cidade portando material antidistúrbios.

O coordenador de emergência da Defesa Civil, James Atkins, informou que forças militares vigiarão cada albergue e acampamento de desabrigados permanentemente, enquanto a Polícia realizará patrulhas noturnas a pé pelo centro da cidade.

O Exército também vigia e colabora com as tarefas de distribuição de mantimentos e ajuda humanitária, que ainda preocupam as autoridades.

"Houve vários problemas na distribuição, porque na área urbana as ruas estavam bloqueadas pelos destroços, e as estradas permanecem intransitáveis em algum pontos", afirmou Atkins.

Mesmo assim, na praça principal de Pisco, onde se concentram as tarefas de salvamento, atendimento sanitário e entrega de alimentos, ainda há momentos de tensão na hora da divisão dos víveres.

Enquanto isso, os bombeiros dão continuidade aos trabalhos de busca por corpos e sobreviventes.

Ainda não surgiram graves problemas sanitários entre a população, apesar do tempo transcorrido desde o terremoto, e da quantidade de pessoas que permanecem soterradas.

O ministro da Saúde peruano, Carlos Vallejos, afirmou que na área mais afetada, que compreende as cidades de Ica, Chincha, Cañate e Pisco, há mais de 1.500 médicos e equipes sanitárias trabalhando.



"Por enquanto, não há maiores problemas de saúde", disse o ministro, cuja equipe tenta "evitar que surjam problemas maiores", como o cólera e outras doenças infecciosas.

Vallejos também antecipou que um plano de contingência está sendo preparado para atender os danos psicológicos causados pelo sismo.

Na próxima semana, chegará à região um grupo de especialistas para atender os desabrigados e traçar pautas de trabalho, enquanto se prevê que em duas semanas uma equipe de contenção completa estará atuando em Pisco e arredores.

A situação humanitária em Pisco melhorará assim que os serviços de água e eletricidade retornarem, o que pode acontecer em menos de 48 horas, segundo informou hoje o ministro de Habitação peruano, Hernán Garrido Lecca.




Fonte: EFE

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