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Internacional
Quarta - 15 de Agosto de 2007 às 14:59

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Os mortos nas explosões em série ocorridas ontem no Iraque subiram para 250, tornando a ação a mais violenta no país desde o início do conflito, em 2003. O segundo pior ataque desde a invasão americana ocorreu em novembro de 2006, quando a explosão de seis carros-bomba matou 215 e feriu outros 250.

Nos ataques de ontem, cinco carros-bomba explodiram em uma área residencial onde vivem membros da minoria religiosa Yazidi. A ação, ocorrida em uma área entre as vilas de Qahtaniya e Al Jazeera, a oeste de Mossul, no norte do Iraque, também feriu cerca de 350 pessoas.

De acordo com Dakhil Qassim, prefeito do distrito de Sinjar, o número de mortos ainda pode aumentar. "Ainda estamos realizando buscas, e devemos chegar ao número final amanhã ou na sexta-feira (17). Estamos recolhendo muitos pedaços de corpos, é difícil contabilizar".

Após as explosões, autoridades impuseram um toque de recolher em Sinjar, que fica próximo da fronteira com a Síria.

Os EUA afirmaram hoje que suspeitam da ligação da rede terrorista Al Qaeda com os ataques suicidas na região Yazidi. De acordo com o Exército, "ainda é cedo" para atribuir a responsabilidade a algum grupo, mas a "proporção e a natureza coordenada dos atentados" aponta para uma possível ação da rede.

"Consideramos a rede Al Qaeda a principal suspeita", afirmou o porta-voz militar Christopher Garver. Os EUA condenaram os atentados, que qualificaram de "bárbaros".

O premiê iraquiano, Nouri al Maliki, divulgou um comunicado atribuíndo a ação a "forças terroristas que buscam alimentar a violência sectária e prejudicar a unidade nacional".

Yazidi

Aparentemente, o alvo dos ataques era a etnia Yazidi, uma pequena comunidade estimada em 500 mil pessoas que se concentra nos arredores de Mossul e adora o anjo Melek Taus, considerado o Demônio para alguns muçulmanos e cristãos.

A etnia vive no norte do Iraque, fala dialeto curdo e possui cultura e religião próprias. Seus integrantes crêem em um Deus criador do mundo e respeitam os profetas da Bíblia e do Alcorão --em particular, Abraão-- mas veneram principalmente Malak Taus, que dirige os arcanjos e é com freqüência representado por um pavão.

Membros do grupo são alvos freqüentes de violência no norte do Iraque. Em abril último, uma adolescente yazidi, Duaa Khalil Aswad, 17, foi morta por estar apaixonada por um muçulmano. O vídeo de seu linchamento foi divulgado na internet. No mesmo mês, 23 membros da minoria foram mortos a tiros.

Mais violência

Também nesta quarta-feira, cinco pessoas morreram em uma emboscada armadas contra um microônibus que transportava civis perto de Khalis, 80 km ao norte de Bagdá, onde supostos membros da rede Al Qaeda montaram um falso posto de controle.

Uma criança de 5 anos estariam entre os mortos.

Em Mossul (norte), uma bomba deixada em um carro estacionado matou um civil e feriu outras dez pessoas, de acordo com a polícia. Uma patrulha policial era o aparente alvo.

No sul de Bagdá, a explosão de um carro-bomba matou duas pessoas e feriu outras 7.

Confrontos nesta manhã entre forças policiais iraquianas e supostos membros da rede terrorista Al Qaeda mataram outras 14 pessoas. Os enfrentamentos, que duraram cerca de três horas, ocorreram em Buhriz, em Baquba, 60 km ao noroeste de Bagdá.

Dos mortos, oito seriam homens armados e os outros seis eram civis. Outras 20 pessoas ficaram feridas, segundo a polícia local.

Em outra ação violenta ocorrida hoje no país, um carro-bomba explodiu na cidade de Hilla, a cerca de 100 km ao sul de Bagdá, deixando 7 mortos e 7 feridos.

Operação

Os violentos ataques de ontem ocorreram no mesmo dia em que tropas americanas e iraquianas lançaram uma ampla ofensiva para deter a ação insurgente no país. A operação conta com 16 mil homens.

O general Benjamin Mixon, comandante das forças americanas no norte do Iraque, afirmou que as tropas tentam capturar células da rede Al Qaeda que se esconderam na região após ofensivas anteriores.

"Nosso principal objetivo é eliminar as organizações terroristas (...) e mostrar a elas que não há local seguro --especialmente em Diyala", disse Mixon em um comunicado.

"Essa violência indiscriminada intensifica nossa determinação na missão contra os terroristas que atormentam o povo iraquiano", disseram, em um comunicado conjunto, o embaixador americano para o Iraque, Ryan Crocker, e o comandante militar General David Petraeus.





Fonte: EFE

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