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Polícia Brasil
Terça - 14 de Agosto de 2007 às 22:59

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Garotos empinavam pipas em cima da laje de uma casa quando, de repente, perceberam que pára-quedistas do Exército, que haviam acabado de saltar de um avião, despencavam em alta velocidade na direção do grupo. Os meninos correram, deixando tudo para trás, e gritando pelos pais. A aeronave havia decolado minutos antes da Base Aérea do Campo dos Afonsos, em Sulacap, na Zona Oeste, a poucos metros de uma área residencial e do grande conjunto habitacional conhecido como BNH.

Antes que alguém pudesse fazer alguma coisa, os militares caíram em cima de árvores e, por pouco, um deles não atingiu em cheio a rede elétrica da Rua Duarte da Costa, em Bento Ribeiro, subúrbio do Rio.

O incidente, na manhã desta terça-feira (14), quando sete pára-quedistas caíram fora da área de pouso, deixou seis ruas da região sem energia das 10h às 12h. Ninguém ficou ferido, mas o susto foi grande. “Ouvi um dizendo que avisou ao sargento que ainda não estava na hora de saltar, mas o superior teria respondido que quem sabia era ele”, comentou Mário Vaz, morador do local que ainda tentou ajudar o pára-quedista que atingiu os cabos de energia de raspão.

O Comando Militar do Leste (CML) informou que as causas estão sendo apuradas. De acordo com a nota, os pára-quedistas faziam exercício de rotina da Brigada Pára-quedista.

Morador viu queda do terraço de sua casa

O aposentado Joel de Paiva Mendes, 63 anos, que estava no terraço, também correu para ajudar quando escutou o impacto da queda de um homem em frente à sua casa. “Mas ele foi logo dizendo: ‘Pode ficar tranqüilo que não aconteceu nada”’, disse. Um motociclista ofereceu ajuda, mas ele acabou aceitando ser levado no carro de um morador.

Antigo morador do bairro, Joel diz que já assistiu a outros saltos desastrados. “Moro aqui há 20 anos e já vi eles caírem em lugares que não tem nada a ver. Por exemplo, no meio da rua na frente de carros em movimento, em cima das casas... Parece que eles não têm controle. Nosso medo é que acabe acontecendo uma tragédia”.

Outro morador, o corretor de seguros Luiz Antônio da Costa, já presenciou uma cena inusitada. “Uma vez um cara caiu sentado aqui (veja foto ao lado), em cima da caixa do hidrômetro”, mostra o vizinho da área militar que fica do outro lado da rua. “Felizmente, até hoje não aconteceu uma coisa mais grave, pelo menos que a gente saiba”.

O operador de telemarketing, Sidney Geraldo Outeiro Filho, 24 anos, que também mora na Rua Duarte da Costa, disse que durante as exibições de aeronaves nas comemorações do Dia da Aviação, eles têm uma visão privilegiada. “A rua fica lotada. A maioria vem de binóculos. Os moradores assistem a tudo de cima das lajes”. Sua preocupação é com os rasantes próximo à caixa d’água e dos fios de alta tensão no alto do morro.

Com os sobrevôos constantes, as crianças chegaram a criar mais uma brincadeira. Eles costumam disputar quem consegue identificar os modelos das aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB). Com intimidade, apontam um Búfalo ou Hércules C-130. Outra diversão é apreciar os saltos dos pára-pentes coloridos.

Lembranças da "tsunami do ar"

Mas, na memória de todos os moradores da região ainda permanece latente o trauma do episódio causado pelo o avião Air Tractor 802F, em outubro de 2006, que matou uma menina de 9 anos e deixou outras nove pessoas feridas. A estudante Ana Gleice de Oliveira sofreu traumatismo craniano e hemorragia interna quando a aeronave usada pelo Corpo de Bombeiros despejou uma grande quantidade de água, numa pancada só, sobre os espectadores.

Na ocasião, havia aproximadamente 40 mil pessoas que foram naquele domingo ao Campo dos Afonsos para participar das festividades pelo centenário do primeiro vôo do 14 Bis, organizado pelo Museu Aeroespacial. Os moradores lembram o episódio como o "tsunami que veio do céu".




Fonte: G1

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