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Esportes
Terça - 14 de Agosto de 2007 às 19:35

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SÃO PAULO - Um jogador resolveu ir à delegacia contra a própria torcida. Júlio César Rocha Costa, carioca de 27 anos, registrou queixa no 1.º Distrito Policial de Caxias do Sul, na segunda-feira, contra insultos racistas de que foi vítima na derrota de seu time, o Juventude, para o Atlético-MG (2 a 1), no dia 5, em Caxias do Sul.

O caso vem tendo grande repercussão no Rio Grande do Sul, chegou ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e pode levar o clube a severa punição. Em 18.º lugar no Campeonato Brasileiro, com apenas 16 pontos e na zona de rebaixamento, o Juventude corre risco de se complicar ainda mais na competição. De acordo com o artigo 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), a agremiação "cuja torcida cometer atos racistas será punida com multa de R$ 10 mil a R$ 200 mil, além de poder perder o mando de campo por até 10 partidas".

O incidente ocorreu nos últimos minutos do confronto com o Atlético, no Estádio Alfredo Jaconi, onde a equipe de Caxias perdia por 2 a 1. Júlio César fez falta em Danilinho, recebeu o segundo cartão amarelo e acabou expulso. Na saída de campo, foi hostilizado por alguns torcedores. "Depois que fui expulso, alguns torcedores, uma meia dúzia, me xingaram de macaco", desabafou, após o jogo, em entrevista coletiva. "Aceito que me xinguem, mas não de macaco, jamais podem falar isso de mim, há um monte de jogadores de cor, é preciso haver mais respeito com a gente."

A investigação para que sejam apurados os culpados pelo crime de injúria tem prazo de um mês, afirmou o delegado responsável, Vítor Carnaúba. O jogador já assistiu a um vídeo pelo qual teria identificado um dos agressores.

A torcida do Juventude diz apoiar Júlio César e repreender os atos racistas. A uniformizada Mancha Verde enviou carta de retratação pública – embora os insultos não tenham partido de pessoas filiadas a ela. Os dirigentes do clube gaúcho garantem estar correndo atrás dos infratores. "Somos totalmente contrários à atitude de alguns torcedores, mas é preciso deixar claro que não foi a torcida do Juventude, mas uns cinco ou seis, alguns gatos pingados", afirmou ao Estado Valmir Louruz, gerente de Futebol. "Esses poucos não podem pôr a torcida do Juventude em xeque."

Reincidente

Há dois anos, o Juventude pagou pelo mesmo erro de sua torcida. Em 22 de outubro de 2005, na vitória sobre o Internacional por 2 a 1, pelo Campeonato Brasileiro, torcedores teriam imitado sons de macaco sempre que o volante Tinga, do Inter, recebia a bola. O episódio foi registrado na súmula pelo árbitro Alício Pena Júnior. O STJD, após julgar o caso, aplicou multa de R$ 200 mil ao clube de Caxias e perda de mando de dois jogos.




Fonte: Estadão

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