Lucro dos bancos brasileiros é o dobro dos americanos
A mediana do lucro dos quatro maiores bancos brasileiros – Itaú, Bradesco, Unibanco e Banco do Brasil – foi de 14,55% em relação ao patrimônio líquido no primeiro semestre deste ano, enquanto os bancos americanos tiveram uma rentabilidade de 7,36% no mesmo período.
Os dados consideram apenas o primeiro semestre, o que abre a possibilidade de uma rentabilidade anual próxima a 30% se as condições se mantiverem no segundo semestre.
"De cada R$ 100,00 de patrimônio, os bancos brasileiros tiveram um lucro de R$ 14,55 em seis meses", explica o economista Einar Rivero, gerente de relações institucionais da Economática e autor do trabalho.
Ele analisou os balanços semestrais dos 20 maiores bancos brasileiros e americanos, por patrimônio líquido, que já divulgaram balanço neste semestre – só um da lista, o Bank of New York, ainda não divulgou o balanço.
No topo da lista de rentabilidade sobre o patrimônio líquido estão os quatro brasileiros. Itaú, com 16%, Bradesco, com 15,37%, Unibanco, com 13,72% e Banco do Brasil, com 11,5%.
Em quinto lugar está o americano US Bancorp, que teve uma rentabilidade de 11% no primeiro semestre. Todos os outros 15 bancos tiveram rentabilidade inferior a 10% nos primeiros seis meses deste ano.
'Proer'
Na semana passada, quando começaram a ser divulgados os dados dos balanços dos bancos brasileiros, com lucros recordes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse que a situação seria pior se os bancos tivessem prejuízos.
"Mais impressionante será o dia em que os bancos derem prejuízo e o governo tiver que criar um Proer para ajudá-los, aí o prejuízo é total", afirmou o presidente, respondendo a um jornalista que perguntou sobre o "resultado impressionante" dos bancos brasileiros.
"Eu não quero que ninguém tenha prejuízo, porque na hora em que alguém tiver prejuízo, eu sei que tentam jogar nas costas do povo mais pobre. Como eu não quero que o povo mais pobre perca, eu quero que todos continuem ganhando”, disse Lula.
Em artigo no jornal Folha de S. Paulo no sábado, o economista Marcio Pochmann – professor da Universidade de Campinas que nesta terça-feira tomou posse como o novo presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) – lembra que entre 1995 e 2001, o Proer foi responsável pela injeção de R$ 20 bilhões nos bancos para evitar que eles quebrassem, e diz que o sistema bancário brasileiro é um enclave na economia do país.
"A constituição de um dos mais modernos sistemas bancários do mundo, acompanhado de lucros vultosos no Brasil, não decorre do fortalecimento das engrenagens da economia nacional. Trata-se de mais uma anomalia que, entre outras, tem sido responsável pelo aparecimento de algumas ilhas que vêm sendo reproduzidas há mais tempo no arquipélago do Brasil", afirma Pochmann.
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