Preço do milho volta a estimular o plantio
Ontem, o grão era cotado a R$ 21,47 a saca (60 quilos), de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP). É o maior valor desde março, quando iniciava a colheita de verão.
A alta dos preços no porto - que chegaram a US$ 203 a tonelada para entrega em novembro, equivalente a um prêmio de US$ 50 por tonelada - com reflexos no interior do Brasil, foi impulsionada pelas compras européias. Segundo dados da Safras & Mercado, pelo menos entre 500 mil a 800 mil toneladas - além das 3,75 milhões de toneladas já embarcadas para o exterior até julho - tenham sido contratadas para entrega ao mercado europeu. Paulo Molinari, analista da Safras& Mercado, explica que a demanda européia cresceu porque há falta de trigo no continente - e o grão o substitui - além de o Brasil ainda fornecer o produto não modificado geneticamente.
Pelas projeções da Cogo Consultoria Agroeconômica, a área cultivada com milho no verão será 3,6% superior à da temporada passada, ocasião em que a semeadura sofreu redução de 4%. "Revisamos os números para cima porque na hora de o produtor começar a decidir a safra, o preço deu uma explodida", afirma Carlos Cogo, diretor da Cogo Consultoria Agroeconômica. Segundo ele, em uma semana, as cotações do cereal aumentaram 5% e, em 30 dias, mais de 12%. Na primeira estimativa da Safras & Mercado, a previsão era de recuo de 0,5% no plantio. No entanto, Molinari explica que o Sul do País pode ser influenciado positivamente pela mudança nas cotações, pois é nesta região que os negócios da safra nova estão ocorrendo. A próxima estimativa da consultoria será divulgada em setembro.
Cássio Camargo, diretor-executivo da APPS, diz que as vendas de sementes ainda estão incipientes, com concentração no Sul do País. "Apesar da entrada da safrinha, o preço está alto e isso é determinante para o plantio", afirma Camargo.
No Rio Grande do Sul - primeiro estado a cultivar o grão - o inverno rigoroso atrasou o início da semeadura. As projeções da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) indicam um plantio semelhante ao do ano passado - 1,2 milhão de hectares. Segundo o presidente da Comissão de Grãos da Farsul, Jorge Rodrigues, o aumento de área deve ocorrer na soja, com avanço sobre pastagens.
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