Só 10% estudam de verdade para concursos públicos no Brasil
No batalhão de 5 milhões de inscritos em seleções públicas anualmente, a Anpac calcula que 10% correspondam à fatia daqueles que se dedicam aos estudos para valer, os legítimos concurseiros. “O primeiro item perseguido é a estabilidade. Uma vez conquistada, buscam outros cargos até atingir o contracheque ideal. São pelo menos duas novas tentativas para chegar lá”, explica Carlos Eduardo Guerra, presidente da associação. André Andrade, 29 anos, foi aprovado para o Corpo de Bombeiros em 2000. Antes disso concorreu sem sucesso a vagas no Ministério Público da União (MPU) e no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Só que mesmo empregado, a saga por um salário mais abastado continua. “Adoro a corporação, por mim continuava aqui. Mas o custo de vida em Brasília é muito alto e vou buscar outras chances”, diz. Ele quer assinar um dia como delegado. Se conseguir, o salário pode saltar dos cerca de R$ 3 mil atuais para quase R$ 11 mil na Polícia Federal.
A pesquisa da Anpac revela ainda que é preciso estudar em média dois anos para conquistar um posto no setor público. O índice sobe mais um ano quando a área é jurídica, que recompensa o esforço extra com os melhores salários. “Uma coisa que temos reparado: embora os concurseiros sejam na maioria homens, a divisão fica meio a meio com as mulheres quando falamos da área jurídica. Na verdade a participação delas em geral tem crescido muito nos últimos cinco anos”, ressalta André. Segundo os números colhidos até agora, as mulheres não só se inscrevem mais como também ganham cada vez mais nomes entre os aprovados.
Adhara Portugal, 27 anos, é exemplo da onda feminina que toma espaço entre as instituições jurídicas. Entre 2003 e 2004, ela foi aprovada no Tribunal de Justiça do DF (TJDF), no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Tribunal Superior do Trabalho (TST), onde está feliz da vida com salário que já passou dos R$ 5 mil iniciais. Mas, como toda concurseira que se preza, ainda não está satisfeita. Explica-se: ela é formada em contabilidade e está na área administrativa. Seus planos são entrar de vez na área jurídica assim que terminar o curso de direito. “Acho que as mulheres têm foco, se dedicam de verdade quando querem algo. Conheço várias amigas que passaram e hoje estão com salário invejado por muitos marmanjos”, brinca.
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