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Internacional
Domingo - 12 de Agosto de 2007 às 23:40

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Bogotá, 12 ago (EFE).- As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) consideram que "está chegando o momento" do país pensar em um "grande acordo nacional" para estabelecer as bases para se tornar "soberano, independente, justo, pacífico e unitário".

A declaração foi feita por Ivan Márquez, conhecido como Luciano Marín Arango, um dos membros do "secretariado", a máxima hierarquia da principal guerrilha colombiana em um "editorial" da página da organização da esquerda armada na internet.

No editorial, o chefe das Farc critica a intenção do presidente Álvaro Uribe de outorgar caráter político aos paramilitares desmobilizados das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) e que aguardam a definição de sua situação jurídica.

"Está chegando o momento da Colômbia pensar em um grande pacto social pela paz, um acordo nacional com a participação de todas as organizações políticas e sociais, incluindo a guerrilha - que luta por mudanças estruturais e por um novo Governo -", disse Márquez.

Segundo o chefe rebelde, desta maneira será possível estabelecer "as bases da Nova Colômbia soberana, independente, justa, pacífica e unitária como queria o Libertador (Simón Bolívar)".

A maior e mais antiga guerrilha da Colômbia reiterou em diversas ocasiões que com o atual Governo de Uribe, "não adiantará nenhum processo de paz", embora tenha insistido em uma "troca humanitária" para a libertação de reféns em seu poder por 500 rebeldes presos.

Na semana passada, o porta-voz internacional das Farc, Raúl Reyes, disse que para a organização a troca humanitária é independente de um eventual processo de paz.

E há duas semanas, Uribe propôs aos rebeldes libertar os seqüestrados em seu poder, entre eles a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt, três norte-americanos, políticos, policiais e militares, e depois definir uma "zona de encontro" para que "em 90 dias fosse pactuada a paz".

Reyes assinalou que a proposta é "uma nova cortina de fumaça" cujo fim "é tentar retirar (do Executivo) as pressões, acrescentando a incerteza dos amigos da troca".

Márquez lembra no editorial, que uma recente decisão da Suprema Corte de Justiça que estabeleceu que o paramilitarismo não é sedição (crime político) foi criticada pelo presidente.

"A Corte advertiu que o Estado não pode cair no grave erro de confundir a delinqüência comum com a política", assinalou Márquez.

"O presidente acredita que a sentença contém um 'viés ideológico' pelo fato de que se interpõe na determinação de deixar para sempre na impunidade os crimes de lesa-humanidade do paramilitarismo", escreve o líder guerrilheiro.

Uribe anunciou a apresentação no Legislativo de um projeto de lei para outorgar aos desmobilizados das AUC o caráter político, exceto para os que cometeram crimes de lesa-humanidade.

O governante insistiu em que o projeto de Lei que será apresentado ao Congresso procura "resolver a situação" de 19 mil desmobilizados que ainda não foi definida.

Entre 2003 e abril de 2006 pouco mais de 31 mil paramilitares das AUC se desmobilizaram após acordos com o Governo.

"Devemos frear as incoerências do líder", assinala o editorial de Márquez, lembrando que Uribe "ontem decretou a morte do crime político e hoje pretende revivê-lo para favorecer os paramilitares".




Fonte: EFE

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