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Escândalo afasta Kirchner de Chávez
BUENOS AIRES - Os abraços efusivos e as declarações exaltadas sobre a união dos povos sul-americanos estiveram ausentes no encontro de ontem entre os presidentes Néstor Kirchner e Hugo Chávez. O argentino e o venezuelano reuniram-se na cidade boliviana de Tarija para assinar uma série de acordos na área energética. Mas o encontro - que teve como anfitrião o líder boliviano, Evo Morales - foi marcado por caras amarradas. Por trás desse mal-estar está o "caso da maleta", escândalo que ameaça atrapalhar a campanha da primeira-dama Cristina Fernández de Kirchner, candidata à presidência nas eleições de 28 de outubro.
O caso teve início quando o empresário venezuelano Guido Antonini Wilson desembarcou em Buenos Aires há uma semana carregando uma maleta com US$ 790 mil dólares sem declarar. Antonini estava acompanhado de executivos da estatal venezuelana PDVSA e argentinos que haviam alugado o avião em nome da empresa estatal de energia, a Enarsa. Para complicar, o empresário alegou que era integrante da comitiva de Chávez, que na segunda-feira desembarcou em Buenos Aires. O líder venezuelano, porém, desmentiu que Antonini fosse ligado ao seu governo.
O dinheiro, que de acordo com algumas versões poderia ser usado para financiar a campanha de Cristina, foi confiscado pela alfândega e a Justiça abriu um inquérito para apurar suas origens. Na seqüência, um dos passageiros argentinos, Claudio Uberti, diretor do órgão responsável por fiscalizar estradas e pedágios - e principal negociador dos bilionários acordos com a Venezuela - foi removido do cargo, supostamente após pressão de Cristina.
Nos últimos dias a relação de Kirchner com Chávez começou a azedar rapidamente. Na quinta-feira, o Chefe do Gabinete de Ministros, Alberto Fernández, afirmou que a PDVSA "deveria dar explicações". O vice-presidente venezuelano, Jorge Rodríguez, retrucou dizendo que vincular a Venezuela com Antonini seria "uma estupidez". Ontem, Fernández deu a tréplica, insistindo: "Aqui há coisas que a Venezuela terá de explicar...".
Esse é o segundo escândalo que surge pouco antes de um evento político de peso para Cristina. No início de julho, o lançamento de sua candidatura foi precedido pelo indiciamento da ministra da Economia Felisa Miceli, envolvida no "banheirogate" (descoberta de uma bolsa com US$ 241 mil no banheiro do ministério).
O "caso da maleta" eclodiu poucos dias antes do lançamento oficial da chapa de Cristina (programado para terça-feira), que terá como vice o governador de Mendoza, Julio Cobos. Tanto no banheirogate como no escândalo da maleta, Cristina teria ordenado a remoção dos responsáveis.
Ainda ontem, Marta Novatti, uma das juízas do caso da maleta anunciou que prefere ficar de fora da investigação. Sua misteriosa explicação: "Razões de decoro e delicadeza". Na Venezuela, o vice-presidente do Parlamento, Roberto Hernández, sugeriu que os executivos da PDVSA que viajaram com Antonini deveriam ser destituídos.
Acordos energéticos
Os acordos assinados em Tarija prevêem que a Venezuela investirá US$ 600 milhões na produção de gás natural na Bolívia. Chávez também abriu as portas para que a estatal boliviana YPFB opere na Faixa do Rio Orinoco, em território venezuelano. Já Kirchner prometeu um crédito de US$ 450 milhões para a construção da maior planta separadora de líquido e gás na região do Chaco boliviano, que seria o primeiro passo para a Bolívia começar a industrializar gás.
Durante seu discurso, Evo ameaçou tomar os campos de companhias privadas que não investirem em aumento da produção de gás e recebeu a solidariedade do colega argentino: "Querido Evo, meu telefone estará esperando a sua ligação se os empresários que têm de cumprir (as metas de produção) como a Petrobrás e Repsol não cumprirem", disse Kirchner.
O caso teve início quando o empresário venezuelano Guido Antonini Wilson desembarcou em Buenos Aires há uma semana carregando uma maleta com US$ 790 mil dólares sem declarar. Antonini estava acompanhado de executivos da estatal venezuelana PDVSA e argentinos que haviam alugado o avião em nome da empresa estatal de energia, a Enarsa. Para complicar, o empresário alegou que era integrante da comitiva de Chávez, que na segunda-feira desembarcou em Buenos Aires. O líder venezuelano, porém, desmentiu que Antonini fosse ligado ao seu governo.
O dinheiro, que de acordo com algumas versões poderia ser usado para financiar a campanha de Cristina, foi confiscado pela alfândega e a Justiça abriu um inquérito para apurar suas origens. Na seqüência, um dos passageiros argentinos, Claudio Uberti, diretor do órgão responsável por fiscalizar estradas e pedágios - e principal negociador dos bilionários acordos com a Venezuela - foi removido do cargo, supostamente após pressão de Cristina.
Nos últimos dias a relação de Kirchner com Chávez começou a azedar rapidamente. Na quinta-feira, o Chefe do Gabinete de Ministros, Alberto Fernández, afirmou que a PDVSA "deveria dar explicações". O vice-presidente venezuelano, Jorge Rodríguez, retrucou dizendo que vincular a Venezuela com Antonini seria "uma estupidez". Ontem, Fernández deu a tréplica, insistindo: "Aqui há coisas que a Venezuela terá de explicar...".
Esse é o segundo escândalo que surge pouco antes de um evento político de peso para Cristina. No início de julho, o lançamento de sua candidatura foi precedido pelo indiciamento da ministra da Economia Felisa Miceli, envolvida no "banheirogate" (descoberta de uma bolsa com US$ 241 mil no banheiro do ministério).
O "caso da maleta" eclodiu poucos dias antes do lançamento oficial da chapa de Cristina (programado para terça-feira), que terá como vice o governador de Mendoza, Julio Cobos. Tanto no banheirogate como no escândalo da maleta, Cristina teria ordenado a remoção dos responsáveis.
Ainda ontem, Marta Novatti, uma das juízas do caso da maleta anunciou que prefere ficar de fora da investigação. Sua misteriosa explicação: "Razões de decoro e delicadeza". Na Venezuela, o vice-presidente do Parlamento, Roberto Hernández, sugeriu que os executivos da PDVSA que viajaram com Antonini deveriam ser destituídos.
Acordos energéticos
Os acordos assinados em Tarija prevêem que a Venezuela investirá US$ 600 milhões na produção de gás natural na Bolívia. Chávez também abriu as portas para que a estatal boliviana YPFB opere na Faixa do Rio Orinoco, em território venezuelano. Já Kirchner prometeu um crédito de US$ 450 milhões para a construção da maior planta separadora de líquido e gás na região do Chaco boliviano, que seria o primeiro passo para a Bolívia começar a industrializar gás.
Durante seu discurso, Evo ameaçou tomar os campos de companhias privadas que não investirem em aumento da produção de gás e recebeu a solidariedade do colega argentino: "Querido Evo, meu telefone estará esperando a sua ligação se os empresários que têm de cumprir (as metas de produção) como a Petrobrás e Repsol não cumprirem", disse Kirchner.
Fonte:
Estadão
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/212370/visualizar/
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