ONU aprova expansão de missão no Iraque
A ONU retirou a maior parte de seus funcionários do país desde que a explosão de um caminhão-bomba destruiu a sede da organização em Bagdá, em agosto de 2003.
O ataque provocou a morte de 22 pessoas, incluindo o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, representante especial da ONU no Iraque.
O Conselho dos Funcionários da ONU é contra a expansão das atividades no Iraque e quer que todos os funcionários das Nações Unidas sejam retirados do país até que a situação de segurança melhore.
O sindicato dos funcionários pode resistir ao envio de mais gente para o Iraque e avalia que as equipes da ONU não serão protegidos de forma adequada pelas forças lideradas pelos Estados Unidos no país.
Aconselhamento
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, aprovou o resultado da votação e disse que a comunidade internacional dará apoio aos esforços iraquianos para a criação "de um futuro pacífico e próspero".
"A Organização das Nações Unidas espera trabalhar em uma parceria próxima com os líderes e pessoas do Iraque para explorar como poderemos aumentar nossa assistência sob os termos desta nova resolução", disse.
A resolução, aprovada por todos os 15 membros do Conselho de Segurança, estende o mandato da Missão de Assistência da ONU no Iraque (Unami, na sigla em inglês) para mais um ano e dá às Nações Unidas um papel de aconselhamento mais forte no país.
A medida deve preparar o caminho para que o enviado especial da ONU ao Iraque apóie e dê assistência ao governo iraquiano em questões políticas, econômicas, eleitorais e constitucionais, e ajude a estabelecer as fronteiras internas.
A missão da ONU também vai promover direitos humanos e reformas judiciárias e legais, além de prestar assistência ao governo iraquiano no planejamento de um censo nacional.
O número de funcionários da ONU no Iraque aumentaria dos atuais 65 para 95. Mas correspondentes afirmam que existirão limitações sobre o quanto a ONU poderá fazer.
Diálogo
O embaixador americano para a ONU, Zalmay Khalilzad, disse que a organização pode ter um papel positivo para facilitar o diálogo entre as facções rivais no Iraque, especialmente para aqueles que se recusam a falar diretamente com os Estados Unidos.
"Esta é uma iniciativa para internacionalizar o esforço para prestar assistência ao Iraque, para que eles superem suas diferenças internas, e para prestar assistência aos vizinhos, criando união e ajudando o Iraque", disse Khalilzad à agência de notícias Associated Press.
A resolução destaca a mudança de comportamento no governo Bush, em relação à forma como o Iraque é encarado, segundo o analista de diplomacia da BBC, Jonathan Marcus.
Moradores da capital, Bagdá, disseram à BBC que acreditam que o envio de mais funcionários da ONU não vai influenciar as rivalidades sectárias que ameaçam a estabilidade no país.
"Todas as resoluções (da ONU) e sua presença não valem nem o papel em que foram escritas", disse um morador de Bagdá. "A mudança precisa ser radical, colocando em prática um governo secular, livre de facções que não fique do lado dos xiitas ou dos sunitas."
Mas, segundo analistas, os partidários das medidas avaliam que a ampliação da missão no país pode levar progresso ao Iraque e ajudar o país a superar o impasse político interno.
Comentários