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Economia
Quinta - 02 de Maio de 2013 às 21:56
Por: Sílvio Guedes Crespo

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O patrimônio líquido das famílias americanas (diferença entre o valor dos bens e as dívidas) aumentou, em média, 14% de 2009 a 2011, passando de US$ 35,2 trilhões para US$ 40,2 trilhões, o que poderia dar a entender que a maior parte da população do país está recuperando o padrão de vida perdido na crise de 2008.

 

No entanto, um estudo da Pew Research mostra que essa recuperação abrange apenas os 7% mais ricos, ou seja, as 8 milhões de famílias com patrimônio líquido superior a US$ 836 mil. O valor médio das posses desse grupo aumentou 28% no período, de US$ 2,5 milhões para US$ 3,2 milhões.

 

Já o restante da população – 111 milhões de famílias, que são 93% do total – viu seu patrimônio líquido diminuir em 4% desde 2009. Em média, esses lares possuíam bens no valor de US$ 140 mil em 2009. Hoje, eles têm US$ 134 mil, como informa o gráfico abaixo.

 

 

Como consequência dessa variação, houve aumento da desigualdade econômica nos EUA. Os 7% mais ricos eram donos de 56% do patrimônio líquido do total das famílias em 2009. Dois anos depois, essa proporção pulou para 63%.

 

Todos esses dados se referem a médias. Claro que pode haver famílias ricas que perderam patrimônio e pobres que ganharam. Mas, de modo geral, o grupo dos 7% mais abastado concentra a população que teve maior crescimento no valor de suas posses.

 

Ações vs imóveis

 

O empobrecimento dos 93% é explicado basicamente pela desvalorização dos imóveis. Nas famílias de classe média, o principal item do patrimônio costuma ser a casa própria, que tem perdido valor.

 

Os preços de residências nos EUA estão hoje 29% abaixo do pico registrado em 2006, segundo o índice S&P Case Shiller.

 

Entre as famílias com patrimônio abaixo de US$ 500 mil, a casa própria corresponde a mais de 65% de suas posses.

 

Para os que têm patrimônio acima desse valor, a residência significa apenas 50% de seus bens, enquanto os ativos no mercado financeiro equivalem a 33%. Como a Bolsa de Nova York tem subido fortemente, essas famílias conseguem aumentar o patrimônio. O índice S&P 500, uma das referências do mercado de ações nova-iorquino, avançou 34% de 2009 a 2011.

 

Ainda se poderia dizer que esses 93% representam uma fatia muito grande da sociedade e que, nesse grupo, pode haver muitos subgrupos em que o patrimônio subiu.

 

Mas o Census Bureau, órgão estatístico oficial, fez outro recorte dos mesmos dados e constatou que, de fato, apenas uma minoria no topo da pirâmide teve melhora de vida.

 

A instituição dividiu as famílias americanas em nove grupos, segundo o tamanho do patrimônio. Apenas a faixa mais elevada, dos que têm posses acima de US$ 500 mil, aumentou suas riquezas, conforme indica a tabela abaixo.

 

 

VARIAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO MÉDIO DAS FAMÍLIAS AMERICANAS (EM US$)

Faixa de patrimônio % do total de famílias Patrimônio médio em 2009 Patrimônio médio em 2011 Variação do patrimônio (%)
Todas 100 297.729 338.950 14
Negativo ou zero* 18 -34,777 -35,472 -2
US$ 1 a US$ 4.999 9 2.016 1.899 -6
US$ 5.000 a US$ 9.999 5 7.433 7.248 -2
US$ 10.000 a US$ 24.999 7 17.342 16.586 -4
US$ 50.000 a 99.999 10 77,028 73,099 -5
US$ 100.000 a US$ 249.999 18 173,100 164.345 -5
US$ 250.000 a US$ 499.000 13 370.148 354,668 -4
US$ 500 mil ou mais 13 1.585.441 1.920.956 +21
  • Fonte: Census Bureau
  • * Patrimônio líquido de uma família é negativo quando a dívida é maior do que o valor dos bens




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