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Quinta - 09 de Agosto de 2007 às 09:16

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Mato Grosso detém um triste recorde e não existe, a curto prazo, nenhuma perspectiva de que possa deixar a liderança tão infesta. Somos campeões nacionais de queimadas. E para combater os irresponsáveis que por diversos motivos – sejam para acabar com áreas de florestas para formação de pastagens ou plantio de grãos, notadamente soja, ou até mesmo para movimentos religiosos com velas em despachos -, temos apenas 200 heroícos funcionários para trabalharem na fiscalização e que em 95% dos casos nada podem fazer pois chegam tarde, só depois que o fogo já virou cinzas.

Os incêndios estão se alastrando em Mato Grosso. E nem Cuiabá consegue escapar da ação nefasta de criminosos que gostam de ver o fogo arder em todas as regiões. Na noite desta quarta-feira por exemplo podia-se ver de longe uma grande área na região do Coxipó, entre os bairros Itapajé e Residencial Coxipó sofrendo com a queimada. “O que é isso. Estão querendo acabar com nossas matas ciliares. É uma vergonha isso. Cadê as autoridades que não fazem nada?”, disse um morador do Parque Cuiabá, bairro vizinho ao local da queimada e irritado com o que via.

O Ministério Público de Mato Grosso afirma que as queimadas em Mato Grosso diminuíram. Mas, infelizmente, não dá para comemorar. Nem o MPE tem o que comemorar. O número de focos pode ter diminuído, mas Mato Grosso continua como o grande campeão. Nestes primeiros sete meses do ano foram registrados 6,6 mil focos de queimadas. Sozinho, Mato Grosso participa com 25% dos focos registrados em todo o país. Bombeiros afirmam que a maioria são criminosos.

Para se perceber a triste situação em que vive Mato Grosso basta dar uma olhada pelo alto e comprovar o que os satélites indicam. Produtores passam por cima da lei e usam o fogo para limpar o pasto, em plena época de proibição.

O pior é que o combate a estas queimadas é feita por apenas 200 fiscais que precisam mapear as propriedades para depois aplicar as multas. É uma disputa desigual para um estado de dimensões territoriais tão grande e com acesso precários aos vários locais onde as queimadas predominam.

Em um estado tão grande e com tantas queimadas, os fiscais geralmente chegam tarde, quando o fogo já virou cinzas. Mas eles não perdem a viagem. Muitos estão aprendendo que, com um olhar técnico sobre a terra arrasada, é possível identificar com precisão as causas e os autores dos crimes ambientais.

"Tem aquela expressão, de procurar agulha em um palheiro. Aqui, a gente procura um palito de fósforo queimado no meio da mata", compara O fiscal ambiental José Marcondes.

É justamente em um palheiro que os fiscais precisam trabalhar para encontrar as causas dos incêndios e comprovar que em sua maioria são criminosos. A prova disso foi o fogo que no fim de semana consumiu 100 hectares do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, por exemplo, causado pela imprudência.

“Provavelmente foi um trabalho religioso, acendimento de velas, que o pessoal usa em vários locais", opina O analista ambiental do Ibama Maurício Cavalcante.

Metros adiante da área destruída pelo fogo, vestígios de um outro ritual na vegetação seca, que por sorte não aumentou a dimensão do incêndio.

“O cerrado é praticamente inflamável. É um pavio aceso. Só quem trabalha mesmo sabe da dificuldade e volta a apelar. O cerrado é muito passível de fogo nessa época”, afirma o analista ambiental do Ibama Maurício Cavalcante.

Enquanto isso as queimadas proliferam em todas as regiões do Estado. Nem mesmo canteiros de avenidas de Cuiabá, como a que dá acesso a Santo Antônio do Leverger escapam da ação de criminosos que gostam de ver o fogo consumir o verde e não dão a mínima para a saúde da população.





Fonte: 24 Horas News

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