PM acusado de estupro mantém soldo

A Corregedoria Geral da Polícia Militar instaurou um conselho de disciplina para julgar o soldado PM Michel Lajor de Lima, de 28 anos, preso desde novembro do ano passado. Ele responde a 13 processos, todos eles registrados na Comarca de Cuiabá, pela acusação de crime de estupro.

Os processos correm em segredo de Justiça, e como até agora nenhum procedimento havia sido aberto contra Michel, ele continua recebendo soldo, com direito inclusive ao recebimento de décimo-terceiro e a adicional de férias.

Segundo o corregedor-geral da PM, coronel Raimundo Francisco, ao fazer uma análise da situação dos militares presos no Cadeião de Santo Antônio de Leverger a polícia descobriu que nenhuma medida oficial tinha sido tomada contra o acusado.

"Nós vamos cumprir o prazo previsto em lei. Ele praticou crimes considerados hediondos e será submetido ao conselho de disciplina", informou o coronel.

Ele disse ainda que "quanto ao fato dele receber soldo, trata-se de uma questão de cunho legal. A lei permite que o militar receba soldo integral, mesmo estando afastado, como é o caso do soldado Michel, e isto não pode ser mudado".

Para evitar situações desse tipo, a Polícia Militar estuda a possibilidade de alterar a legislação para reduzir a um terço o vencimento do militar, a partir da instauração do procedimento, como ocorre com os demais servidores públicos mato-grossenses. "Mas existem uma série de artifícios que retardam os trabalhos dos conselhos", segundo completou o corregedor.

Michel está preso desde a madrugada do dia 4 de novembro do ano passado, após trocar tiros com policiais militares na região do bairro Morada do Ouro. Ele é o principal suspeito de ter estuprado uma garota, já que quando ocorreu a denúncia, os policiais conseguiram localizá-lo escondido num matagal. Na fuga, Michel abandonou a motocicleta e o capacete.

Na manhã seguinte, o próprio Michel esteve na delegacia registrando queixa de furto do veículo, chamando a atenção dos policiais plantonistas porque apresentava sinais de lesões pelo corpo, como se tivesse caído da motocicleta.

A partir daí, começaram a surgir novas denúncias feitas por possíveis vítimas do policial, que o teriam reconhecido. Em menos de 10 dias, apareceram 20 vítimas. Na ocasião, Michel passou a ser chamado de "maníaco da moto".

Além de usar uma motocicleta Honda preta sem placas, o maníaco também usava um Fiat Palio verde. Uma das mulheres que o reconheceram usando o carro disse que o veículo tinha um defeito no estofamento. Ela relatou que o militar ainda mostrou-lhe a carteira funcional, com a intenção de intimidá-la.